
Logo depois do descobrimento da América, foi levado para a Europa, onde era cultivado em jardins, até que seu valor alimentício tornou-se conhecido. Aí passou a ser produzido em escala comercial e espalhou-se por quase todo o mundo, sendo produzido hoje desde a latitude de 58° Norte (União Soviética) até 400 Sul (Argentina), e o milho é o terceiro cereal mais plantado, só superado pelo trigo e pelo arroz. Os maiores produtores são os Estados Unidos, China, Brasil, Japão, Espanha, Itália e Países Baixos. O milho é usado para a alimentação humana e animal, e a sua importância cresce à medida que se desenvolvem novos subprodutos dele. É o caso por exemplo da frutose, que substitui (segundo alguns, com vantagens) o açúcar e que já vem sendo utilizada para adoçar refrigerantes em alguns países. As oscilações de preço e de produção constituem um problema. Em 1978, por exemplo, o Brasil teve que importar 1,5 milhão de toneladas a preço alto, tornando antieconômico o uso do milho para a alimentação animal e gerando problemas para criadores de galinha e outras espécies.
Variedades
São utilizados dois tipos de cultivares de milho: as variedades sintéticas e os híbridos, ambos em grande número, havendo algumas mais adaptadas para cada região. Os híbridos são mais produtivos, mas as variedades têm maior estabilidade de produção. Mais caras, por resultarem de uma interminável série de experiências, as sementes híbridas produzem plantas uniformes e pouco suscetíveis à polinização por outras famílias de milho. Elas, no entanto, obrigam o agricultor a comprar sementes a cada safra, pois perdem 20% de seu vigor a cada geração. As variedades, ao contrário, tendem a ganhar uniformidade por meio das gerações, desde que as sementes sejam criteriosamente selecionadas pelo próprio produtor e que as culturas sejam estabelecidas a pelo menos 400 m dos locais ocupados por outras variedades de milho, isoladas por quebra-ventos e, assim, preservadas da polinização indesejável. A partir dessas características estabeleceu-se que as sementes híbridas são mais adequadas ao cultivo de grandes áreas e que as variedades devem ser reservadas a pequenos e médios agricultores que possam selecionar e aprimorar seus cultivares a cada safra.
Os produtores de variedades de milho não sabem, na maior parte das vezes, aproveitar a principal vantagem de trabalhar com essas famílias consolidadas a de poderem fazer um verdadeiro trabalho de seleção e melhoramento ao mesmo tempo que produzem grãos para seu próprio uso, ou para venda, e sementes. Isso porque está bem arraigado, o mau hábito de se selecionar sementes depois das colheitas. Os técnicos sabem muito bem que essa espécie de seleção é negativa. A tendência de quem faz a coisa deste modo é buscar entre as espigas estocadas as de maior porte e melhor granação. Nada mais lógico. Só que o mais provável é que essas espigas tenham sido produzidas por plantas que, no campo, gozaram de "privilégios" especiais. Por exemplo: terem crescido isoladas das demais, sem concorrência pela luz e pelos nutrientes disponíveis, ou até terem recebido maior dose de adubo por causa da imprecisão da adubação manual ou de uma máquina desregulada. O resultado desta seleção será imprevisível, porque não terá sido o melhor desempenho da própria planta o responsável por suas belas espigas. O certo é fazer a seleção de sementes no próprio campo, antes da colheita. Nesse processo, o produtor deve eliminar as plantas praguejadas, as que se acamaram ou que tenham dado espigas fracas. As sementes selecionadas para o próximo plantio devem ser escolhidas entre plantas agrupadas com outras por terem vencido a maior concorrência possível e terem demonstrado maior vigor, sobressaindo da média ao redor. Um outro item seletivo é o tamanho dos pedúnculos: quanto maior a haste que liga a espiga ao caule da planta (o pedúnculo) melhor, pois ele será naturalmente dobrado pelo peso da espiga quando o milho estiver maduro.
O bom empalhamento das espigas também é um importante item de seleção. Espigas bem protegidas e fechadas pela palha serão muito mais resistentes aos insetos e fungos que atacam o milho no campo e durante a estocagem. Já no terreno dos híbridos, que são oferecidos em grande variedade tanto pelo governo como por grandes e pequenos produtores de sementes selecionadas e certificadas, o importante para as altas produtividades são os tratos culturais e o manejo do solo e das próprias culturas. Esses cuidados se justificam pelo alto custo adicionado ao investimento. Por força mesmo da constante pesquisa empregada no desenvolvimento dos híbridos, o preço das sementes passou, nos últimos quatro anos, de 5 a 20% do total que precisa ser gasto desde o preparo da terra até a colheita e estocagem do cereal.
Os escritórios de extensão rural podem ser bons conselheiros quanto às sementes recomendadas para cada região. Essas sementes, por sua vez, têm sido selecionadas para produzir plantas mais baixas e, portanto, mais resistentes ao acamamento, mais preparadas para o adensamento das plantações (com mais plantas por metro quadrado de terra), mais resistentes às pragas e deficiências do solo e, principalmente, de ciclo mais curto, possibilitando a rotação de duas e até três culturas diferentes por ano na mesma terra.
O milho é plantado em diversas condições climáticas, desde áreas tropicais até temperadas, em altitudes que vão desde abaixo do nível do mar (como as margens do mar Cáspio) até 3 600 m (nos Andes do Peru), em área de 250 mm de chuvas por ano e outras com até 5 000 mm (precisa de no mínimo 200 mm no seu ciclo).
Há variedades com ciclo de 3 meses, para países de verão curto, e outras de até 10 meses, para o trópico úmido. As condições mais favoráveis são de verão quente e úmido, seguido de inverno seco (o que facilita a colheita e o armazenamento). Poucas variedades germinam abaixo de 10°C, e o milho não produz com temperaturas noturnas médias abaixo de 12,8°C. Os solosnão devem ser muito arenosos. O ideal é que tenham uma textura média, com 30 a 35% de argila ou mesmo que sejam argilosos, porém com boa estrutura, que permita a circulação do ar e da água, pois o excesso de umidade no solo é muito prejudicial ao milho. Quanto mais profundo o solo, melhor.
Época de plantio
Varia conforme as condições climáticas, mas no geral a época mais indicada é de setembro a novembro no centro-sul (no Estado de São Paulo, uma pesquisa do Instituto Agronômico de Campinas — IAC — definiu como melhor época o mês de outubro) e em março/abril para o norte. A cultura precisa de muitas chuvas durante o ciclo. Se o produtor de milho pudesse prever o tempo com grande antecedência, não teria dúvidas: plantaria durante uma chuvinha fina e intermitente que anunciasse um mês e meio de sol. Ao fim desse veranico, torceria por chuvas fartas e bem distribuídas até pouco antes de dobrar as espigas de sua plantação sinal de que o cereal maduro estaria pronto para um bom período seco, que lhe possibilitaria a secagem no próprio campo, e livre das pragas que proliferam na umidade. Esse é o calendário climático ideal para o milho: solo apenas úmido no plantio e mais seco durante a fase entre a brotação e o início de espaçamento entre os nós do caule, aí pelos 45 dias. Esse período mais seco obrigará as plantas a aprofundar suas raízes, ampliando o campo do qual elas captarão os nutrientes do solo e dando mais firmeza aos pés. Daí em diante, as necessidades de água crescem gradativamente até o "emborrachamento", quando os pedúnculos começam a se desenhar sob a palha do caule. Entre o emborrachamento e a floração fica o período crítico, quando a falta d'água pode limitar severamente a produção. Depois, essas necessidades se mantêm até a maturação das espigas, quando a água já não é mais necessária e pode até ser inconveniente para a colheita.
Para atender a essa crescente demanda de água, os técnicos acham, em diversos trabalhos, que são necessários 450 a 650 mm de chuvas ou irrigação durante o ciclo crescimento/emborrachamento/floração/polinização/crescimento e maturação dos grãos. Essa água seria idealmente dividida em cinco a sete precipitações/irrigações com a mesma intensidade, a partir dos 45 dias depois do plantio.
Espaçamento
O espaçamento mais indicado é o de 1 m entre as linhas, colocando-se 6 a 7 sementes por metro linear, fazendo-se o raleamento depois de trinta dias, deixando-se cinco plantas por metro (portanto, o espaçamento fica sendo 1 x 0,20 m), o que resulta num total de 50 000 plantas/ha.
Com boas condições de fertilidade, podem-se deixar 60 000 plantas/ha, que é a quantidade mais produtiva. Em terrenos leves, as sementes devem ser cobertas por 5 a 8 cm de terra, e em mais pesados por 4 centímetros.
Pragas e doenças

Consorciação
Há vários tipos de consórcio de milho, e o mais tradicional é com o feijão. O feijão é plantado antes ou na mesma época do milho. No Sul, o mais comum é plantar o feijão 45 dias antes do milho. Costuma-se plantar também o feijão depois da maturação fisiológica do milho. Quando o plantio é feito na mesma época, há três métodos: cultivo de milho e feijão na mesma linha (cultivo misto), plantio de linhas alternadas de milho e feijão (intercalar) e plantio em faixas alternadas (cultivo em faixas).
Colheita

Armazenamento
Para armazenar o milho em espiga, o melhor é fazê-lo sem a palha, o que permite melhor controle do produto. Com ou sem palha, o piso do paiol deve ser elevado em relação ao nível do chão, apoiado sobre estacas.
A cobertura tem de ser bem-feita, sem goteiras, e as laterais devem permitir ventilação. Nas estacas que servem de pilares, é preciso colocar dispositivos para impedir a subida de ratos. Também para defender a safra do ataque de roedores, é preciso que a escada para entrar no paiol seja removível e só seja colocada quando estiverem uso.
Produção e produtividade
Tabela do portal Embrapa Milho e Sorgo
Principais países produtores de milho - 2003-2009.
Países/Anos |
Produção (1.000 t)
| ||||||
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
| |
Estados Unidos
|
256.227
|
299.874
|
282.261
|
267.501
|
331.175
|
307.142
|
333.011
|
China |
115.998
|
130.434
|
139.498
|
151.731
|
152.419
|
166.032
|
163.118
|
Brasil |
48.327
|
41.788
|
35.113
|
42.662
|
52.112
|
58.933
|
51.232
|
México |
20.701
|
21.670
|
19.339
|
21.893
|
23.513
|
24.320
|
20.203
|
Indonésia |
10.886
|
11.225
|
12.5246
|
11.609
|
13.288
|
16.324
|
17.630
|
Índia |
14.984
|
14.172
|
14.720
|
15.097
|
18.955
|
19.730
|
17.300
|
França |
11.991
|
16.372
|
13.688
|
12.775
|
14.357
|
15.819
|
15.30
|
Argentina |
15.045
|
14.951
|
20.483
|
14.446
|
21.755
|
22.017
|
13.121
|
África do Sul |
9.705
|
9.710
|
11.716
|
6.935
|
7.125
|
12.700
|
12.050
|
Ucrânia |
6.875
|
8.867
|
7.167
|
6.426
|
7.421
|
11.447
|
10.486
|
Fonte: FAO - Agridata.
Composição por 100 g
Milho em grão (seco): 361 calorias, 9,4 g de proteínas, 9 mg de cálcio, 290 mg de fósforo, 2,5 mg de ferro, 23 mmg de vitamina A, 0,43 mg de vitamina B, e 0,10 mg de vitamina 132. Milho verde em grão: 129 calorias, 3,3 g de proteínas, 8 mg de cálcio, 113 mg de fósforo, 0,8 mg de ferro, 0,14 mg de vitamina B, e 48 mg de vitamina C.
Angu: 120 calorias, 3,3 g de proteínas, 2 mg de cálcio, 56 mg de fósforo, 0,6 mg de ferro. 12 mmg de vitamina A, 0,07 mg de vitamina B, e 0,02 mg de vitamina B2. Fubá: 354 calorias, 9,6 g de proteínas, 6 mg de cálcio, 164 mg de fósforo, 1,8 mg de ferro, 34 mmg de vitamina A, 0,20 mg de vitamina B, e 0,06 mg de vitamina B2.
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