Há pelo menos 39 espécies do gênero Gossypium L., denominadas algodoeiros. Entre elas, duas são bastante cultivadas nas Américas, uma anual (Gossypium hirsutum L.) e outra perene (Gossypium barbadense L. ). Há também espécies e variedades sub perenes. A índia é tida como centro de origem do algodoeiro, mas há espécies originárias de diversos lugares (basta lembrar que tanto as múmias egípcias como as incas eram envolvidas em algodão). Quando os portugueses chegaram ao Brasil, o algodão arbóreo já era cultivado aqui.

índia.
Clima
O algodão herbáceo produz bem em região onde o índice médio de chuvas é de 1 000 a 1 500 romano. Em áreas afetadas pela seca é aconselhável o plantio do algodão arbóreo. A temperatura não deve ser inferior a 20ºC nem superior a 30ºC.
Solo

Para saber a quantidade de calcário a ser aplicada, é necessário fazer a análise do solo. Os terrenos argilosos exigem maior quantidade de calcário que os arenosos para a elevação do pH. Os solos ricos em matéria orgânica também são mais exigentes e influem nas dosagens de calcário recomendadas.
Preparo do solo
Um bom preparo do solo é importante para a germinação, para o desenvolvimento homogêneo da cultura e facilita os cultivos e a colheita, especialmente a mecânica. Se o terreno estiver sendo utilizado para o cultivo do algodão há alguns anos, a distribuição da soqueira deve ser feita em junho-julho. Neste caso deve-se fazer uma aração. recomendando-se duas se no terreno houver muitas invasoras. A segunda gradagem é feita às vésperas do plantio, para destruir as sementes das invasoras que começam a germinar. A umidade do solo determina uma boa aração, e a umidade ideal é entre 40 e 50%. Há um truque para saber se o solo apresenta boas condições para ser arado. Recolhem-se amostras de várias partes do terreno. Depois, junta-se fortemente na mão, formando uma bola. A seguir, deixa-se essa bola cair no solo de uma altura de aproximadamente 1,50 m. Caso ela desintegre, o solo está apto para ser arado. Arações em solos úmidos dificultam a operação seguinte de gradagem. prejudicando a semeadura. Já em solos secos, a profundidade da aração fica prejudicada e os discos se desgastam rapidamente. Aração e gradagem excessivas pulverizam o solo, o que é prejudicial, pois provocam a erosão da camada superficial, em terrenos inclinados. Em 1961, alguns pesquisadores observaram que em solo tipo arenito de Bauru, com 11% de declive, duas arações causaram a perda de 16.7 t/ha, e uma aração provocou a perda de 14,5 t/ha de terra. E a produção de algodão foi ligeiramente superior com apenas uma aração, tanto em arenito de Bauru como no tipo de massapé-salmorão. Nos solos arenosos não se recomenda a aração, a não ser que a área apresente grande quantidade de invasoras ou restos de cultura anterior, neste caso aconselha-se fazer apenas uma aração. Nos solos recém-desbravados, deve-se plantar pelo menos durante um ano, outra cultura.
Não é bom cultivar algodão em terrenos muito inclinados; o declive máximo não deve ultrapassar 12% para solos arenosos e 15% para argilosos. O algodão tem crescimento lento e é muito exigente em tratos culturais, devendo estar livre de invasoras. Em estudos realizados pela Estação Experimental de Sete Lagoas (MG), após seis anos, verificou-se que a cultura algodeira perdeu 4 titia de solo, enquanto a cultura do milho perdeu 670 kg/ha e a pastagem apenas 11 kg/ha.
Variedades
Estudos da Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo demonstraram que, para a safra 1985/1986, as variedades precoces eram as mais indicadas, por dois motivos: elas apresentam porte baixo e abertura uniforme das maçãs; as variedades IAC-17 e IAC-20, por formarem carga mais cedo e em período mais curto, expondo menos as estruturas reprodutivas ao ataque do "bicudo" e propiciando a destruição das soqueiras mais cedo. A IAC- 9 também foi indicada, por apresentar -boa produtividade e resistência aos nematóides, embora não tenha desenvolvimento precoce. Para o Nordeste, o Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (CNPA). sediado em Campina Grande (PB), recomenda entre as variedades herbáceas (Gossvium hirsutum L., raça Latifolium Hutch) a BR-1 , que chegou a dar 5 000 kg/ha no sudeste baiano, em 1980; o CNPA-2H, CNPA 77-149, CNPA 76-6873 e SUO450-8909. Entre as variedades arbóreas(Gossypium hirsutum L., raça Marie galante Hutch), as mais produtivas são a veludo C-71, desenvolvida pela Secretaria da Agricultura da Paraíba (com ciclo econômico de 5 anos), a CNPA-2M, lançada em 1981, e a CNPA 78-3B. A variedade CNPA-2M é mais precoce, produz em sessenta a setenta dias e é 20% mais produtiva que as variedades tradicionais (dá 378,3 kg/ha/ano).
Plantio

Quando as chuvas vêm, levam terra para a cova e cobrem as sementes. Voltando ao Sudeste, o desbaste, para a eliminação do excesso de plantas nas fileiras, deve ser executado entre 25 e 30 dias após a emergência, deixando 5 a 10 plantas por metro quantidade suficiente para suprir as falhas provocadas por sementes de baixo teor germinativo e pelo ataque de pragas e doenças que atingem as plantas novas. Segundo a Epamig, não houve diferenças significativas entre o plantio de 5 a 20 sementes por metro sem desbaste e o plantio de 30 sementes por metro com desbaste para 3 a 7 plantas por metro. No entanto, observou-se que as melhores produções foram conseguidas com o uso de 15 a 20 sementes por metro sem desbaste, nas duas principais regiões produtoras de Minas Gerais. Com estes resultados concluiu-se que a operação de desbaste pode ser eliminada para o algodoeiro herbáceo nestas regiões.
A desbrota eliminação manual do broto apical do algodoeiro parece não exercer influência no rendimento. Estudos da Epamig demonstraram que o rendimento, peso do capulho, peso de cem sementes, porcentagem e índice de fibra não foram influenciados por essa prática. Foi observada uma redução de 27% na altura das plantas quando a desbrota foi feita entre 50 e 55 dias após a emergência.
Adubação
O algodão é muito exigente com relação a adubação. A adubação orgânica e a adubação verde têm apresentado bons resultados. Um dos agricultores mais bem-sucedidos no recurso a essa prática é Tadashi Mine, de Ituverava (SP), que colhe 650 a 700 arrobas por alqueire. A adubação verde, porém, não substitui a mineral, embora contribua grandemente para a redução de gastos com adubos. Pesquisas da Epamig em alguns municípios mineiros mostraram que, em termos de massa verde, a mucuna e a crotalária. em Uberaba, o guandu e a mucuna, em Felixlândia, e a crotalária e o guandu, em Janaúba, foram os que apresentaram os melhores rendimentos. A produção de algodão, quando se incorporou a crotalária, elevou-se em 41 e 37%, respectivamente, em Uberaba e Janaúba, em 1977/1978.
A crotalária e o guandu se destacaram como sendo os que melhor influenciaram os rendimentos do algodão, com aumentos de 28 e 12%, respectivamente. Também foi observado que nem sempre os adubos verdes, que produziram maior volume de massa verde, foram os que resultaram em maior produção de algodão.
Rotação

com mucuna-preta deu 336 arrobas por alqueire. Na consorciação com o amendoim a produção foi de 241 arrobas por alqueire, e, consorciado com a soja, a produção foi de 198 arrobas por alqueire. Nos Estados Unidos. União Soviética, Egito e África intertropical o algodão não é cultivado isoladamente. Ali, a rotação e a consorciação são "de lei". Na Estação Experimental de Sete Lagoas, após cinco anos de estudos de rotação com algodão, soja e milho, verificou-se um aumento de 611 kg/ha no algodão. Em São Paulo, a rotação algodão/mamona/mamona, durante cinco anos, ou seja, três anos de mamona e dois de algodão, resultou em um aumento de 558 kg/ha de algodão em relação à cultura contínua.
Em terrenos infestados com nematóides (Meloidogyne incognita), após três anos de estudo, verificou-se que o algodão, após mucuna-preta, apresentou um ameno de 1 159 kg/ha e de 570 kg/ha, após amendoim, em relação à cultura contínua. Em Goiás, após cinco anos de estudos com rotação, verificou-se que a produção de algodão, após crotalária e feijão, foi acrescida de 333 kg/ha em relação à cultura contínua, quando se" aplicou adubação nitrogenada, e 298 kg/ha, quando não se aplicou o nitrogênio.
Consorciação
Como a cultura do algodão é feita geralmente por meeiros ou terceiros, o algodão costuma ser consorciado com culturas alimentares e suas entrelinhas são utilizadas também pelo proprietário para a alimentação do gado na época chuvosa até a floração. É necessário um espaçamento que permita a consorciação algodão/culturas alimentares/boi. Os espaçamentos recomendados, nestes casos, são 4 x 0,50 ou 4 x 1 m, que tornam possível o consórcio com culturas alimentares durante os cinco anos do ciclo e reduzem os danos causados pelos bois às plantas. A consorciação costuma ser com milho e feijão, principalmente, e os restos dessas culturas servem também de alimento para o gado.
Outras culturas consorciadas são de fava, feijão-guandu, melancia, jerimum e até algodão herbáceo. O sorgo, que vem sendo apontado como substituto do milho, poderá entrar nessa consorciação, mas experiências do CNPA constataram que ele compete muito com o algodão arbóreo, reduzindo seu rendimento em 70% no primeiro ano. Mas, quando se planta o sorgo uns quinze dias depois do algodão, a redução é de 35% na produção deste. Os bois devem ser em número de 2 por hectare, que não reduzem a produção do algodão e até aumentaram em 13% nas experiências realizadas. No caso de algodão herbáceo, no Nordeste, tem-se feito consorciação com milho e feijão, plantando-se cada duas a sete filas de algodão. A consorciação, especialmente com leguminosas, é recomendável, porque também protege o solo. A cultura do algodão é uma das que mais favorecem a erosão. O cultivo do algodão arbóreo, consorciado com milho ou feijão. é um sistema muito utilizado pelos
produtores do Vale do Piancó, na Paraíba, por diminuir os riscos de perda e os gastos de implantação da cultura do algodão, segundo a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa).
Vários resultados de pesquisa evidenciam, de acordo com a Emepa. que apesar de o' milho e o feijão provocarem diminuição no rendimento do algodoeiro, no primeiro ano. geralmente contribuem para um aumento na renda bruta por unidade de área. Além desse aspecto, observam que. no segundo ano. não ocorre grande diferença de produção entre o algodão isolado e o consorciado no primeiro ano.
Irrigação

• A água disponível total que o solo pode armazenar.
• A lâmina de água a ser aplicada em cada irrigação.
• A distribuição das raízes do algodoeiro dentro do solo.
• A quantidade de água consumida pela planta entre duas irrigações, cujo intervalo
depende do tamanho das plantas e das condições climáticas. Existem vários métodos
para a irrigação do algodoeiro: sulcos, faixas, sub-irrigação, gotejamento e aspersão.
Pragas e doenças
O algodão é conhecido também pelo grande número de doenças e pragas que o atacam. O bicudo, porém, de ocorrência recente, é a praga mais ameaçadora. Ele ataca há tempos os algodoais norte americanos, colombianos e venezuelanos. Seus estragos são grandes, mas o que é pior é que a sua presença faz com que os cotonicultores. que já aplicam uma quantidade enorme de venenos nas lavouras, com a vinda do bicudo, passem a utilizar ainda mais intensamente esses produtos, onerando seus custos de produção e pondo em risco o equilíbrio do meio ambiente. O bicudo é originário do México. onde foi identificado em 1843, por C.H. Boheman. De lá ele invadiu o Texas, disseminando se até ocupar quase toda a região produtora de algodão dos EUA. Em 1983 foi encontrado em grande quantidade nos algodoais das regiões de Sorocaba e Campinas, principalmente ao redor do aeroporto de Viracopos, em São Paulo (há suspeitas de que ele tenha sido introduzido intencionalmente no Brasil). Depois disso, foi-se alastrando por São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Hoje ele já é um habitante bem conhecido dos cotonicultores brasileiros.
As chuvas favorecem seu desenvolvimento uma vez que a umidade existente conserva os botões atacados fechados por um período maior, o que permite o crescimento das larvas no seu interior. A atividade do inseto adulto é bastante intensa. Todavia, quando tocado ou quando pressente o perigo, imobiliza-se. fingindo estar morto e caindo até mesmo ao solo.
Entre os inimigos naturais do bicudo, além dos pássaros. encontram-se cerca de
42 espécies de artrópodes, entre parasitas e predadores. O parasita que se tem mostrado mais eficiente é uma vespinha, cujo nome científico é Bracon mellitor; cerca de 80% de todos os parasitas encontrados na larva do bicudo foram desta espécie.
No Brasil, além dessa vespinha, diversas espécies de formigas foram observadas predando larvas e adultos do bicudo. O percevejo Podisus sp., muito comum no país, também tem mostrado ser bom predador, sugando em média dois adultos por dia. Vê-se. por aí, que o combate químico indiscriminado ao bicudo pode agravar ainda mais a infestação. ao eliminar seus inimigos naturais.
As práticas culturais são recomendadas como medidas auxiliares no controle do bicudo. A destruição dos restos culturais pela queima contribuirá para a eliminação da população infestante da próxima safra. A adoção de plantas-iscas, em forma de plantio antecipado, em faixas, para atrair os adultos migrantes e destruí-los é também boa medida de combate à praga. O uso de variedades de ciclo curto, para florescimento precoce e mais uniforme, é também recomendável. Neste caso, as plantas são mais exigentes em termos de nutrição, pois deverão produzir e manter a carga em períodos mais concentrados.
Considerando-s; que os primeiros bicudos adultos surgem da infestação da safra anterior, um controle em final de safra é necessário. Muitos agricultores ainda acham que qualquer população de pragas que aparece na cultura deve ser exterminada. Para isso eles recorrem aos agrotóxicos mais fortes e pulverizam suas lavouras quantas vezes forem necessárias para matar até a última praga que resistiu aos tratamentos anteriores. Hoje, cotonicultores mais esclarecidos sabem que é impossível erradicar as pragas da cultura.
Aliás, descobriram que sua eliminação é desnecessária para se obter uma boa produção. Uma redução de até 78% na aplicação de produtos químicos no algodão foi conseguida no município de Presidente Venceslau (SP), mediante o controle integrado de pragas. O método propiciou ainda uma produtividade média superior a 800 arrobas por alqueire. além de baixar significativamente o risco de intoxicação por venenos. Se for feito o tratamento das sementes, o número de pulverizações será
ainda menor. O segredo do método consiste em não se amedrontar logo que surgir o ataque das pragas. É preciso deixá-las até alcançarem o índice de incidência máximo tolerável fixado para cada unia delas, chamado -nível de dano econômico', quando, então, o lavrador deve aplicar o veneno. O agrônomo Wagner Aparecido Bassan. responsável por esse projeto, alerta para a possibilidade de erros.
No caso da lagarta-da-maçã, considerada terrível, uma falha na aplicação do veneno pode resultar em grandes perdas. Para evitá-las, bastará fazer o combate quando o ataque tiver atingido 10% das plantas. Com relação às demais pragas, o perigo de engano é menor, mas mesmo assim o agrônomo recomenda atenção. Em geral. a parte atacada se renova, exceto se o índice de infestação aceitável for ultrapassado. Qualquer que seja a forma de tratamento químico ou combate a pragas e doenças usando esses métodos, é fundamental a orientação de um agrônomo. A segunda praga mais perigosa, depois da lagarta-da-maçã, é o ácaro rajado. Ele também tem inimigos naturais e, por isso, é preciso cautela no uso de agrotóxicos.
Em 1982, quando Bassan iniciou o controle integrado na cultura do algodão, faziam-se dez aplicações desses produtos.
Graças ao controle integrado, já na primeira safra a média caiu para duas.
Quanto às doenças do algodão as principais são:
• Murcha de fusarium. também conhecida por murcha, murchadeira, fusariose, murcha-fusariana e queima. É uma das principais doenças que afetam o algodoeiro. Foi constatada pela primeira vez no Brasil, em Alagoinha (PB). O controle mais eficiente da fusariose baseia-se no uso de variedades resistentes. Os cultivares IAC-17. IAC-18 e IAC-19 apresentam boa resistência a essa doença.
que foi constatada no Brasil em 1926.
Sua ocorrência é bastante frequente, porém não alcança a severidade e a importância da fusariose. Como no caso desta, recomenda-se a utilização de cultivares resistentes. Deve-se evitar o plantio em baixadas úmidas e solos ricos em matéria orgânica.
• Ramulose, também conhecida como superbrotamento, é urna doença importante do algodoeiro. Ocorre em surtos periódicos, podendo causar sérios problemas e perdas que variam de 20 a 85%, dependendo do cultivar utilizado, da idade da planta e das condições ambientais. Para controlá-la deve-se adotar práticas preventivas, como a utilização de variedades resistentes e sementes sadias. Existem ainda outras doenças de menor importância. Aconselha-se procurar as Casas da Lavoura e as Emater, onde os técnicos informam sobre a melhor maneira de combatê-las.
Colheita
• quedas bruscas de temperatura influem diretamente na colheita. Temperaturas muito altas no outono podem acelerar a maturação, provocando depreciação na qualidade, pois a formação dos capulhos não se processa normalmente.

• Apanhar com ambas as mãos, desfazendo-se do algodão o mais rapidamente possível.
• Não deixar acumular o algodão nas mãos, para depois colocá-lo no recipiente.
• Não ficar insistindo em retirar todo o algodão de um capucho, pois às vezes em uma ou outra loja o algodão está tão preso que o tempo gasto em colhê-lo resulta em diminuição de rendimento e depreciação do produto.
• Usar apenas sacos de algodão como recipiente para o algodão colhido, pois Os sacos de polipropileno e de juta prejudicam a sua qualidade.
Colheita mecânica

Produção e produtividade
Fonte: Portal Embrapa Algodão
Fotos
Plantação de algodão por do sol |
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