A Palmeira de babaçu (Orbignya spp.) é uma planta de grande potencial econômico. De seu fruto, o coco de babaçu, pode-se aproveitar tudo, desde a casca (epicarpo), que dá excelente combustível, até a amêndoa, rica em óleo. A palmeira também é muito aproveitada pela população pobre, especialmente do Maranhão. Os troncos são utilizados para construir as estruturas das casas, e as folhas como teto e paredes. Elas servem também para fazer esteiras, cestos, peneiras, abanos, chapéus, cercas e muitas outras coisas. Por enquanto, a palmeira de babaçu não é cultivada, cresce subespontaneamente no flanco sul da Bacia Amazônica e mais no Maranhão, onde predomina nas matas existentes, que ocupam 37% da área do Estado, no Piauí, Ceará, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.

Possibilidades
Segundo a publicação Babaçu e a Crise Energética, do CPATU, sediado em Belém (Pará), podem-se conseguir num cocal desbastado 17 600 kg de coco de babaçu por ha. Desses 17600 kg, 15%, ou 2 640 kg, são de epicarpo (camada externa, casca), que podem ser aproveitados como combustível.
Segundo pesquisas feitas em 1985, 83% das propriedades rurais de alguns municípios maranhenses usam o carvão de babaçu como fonte exclusiva de energia. Mas essa parte do coco de babaçu pode dar ainda etanol, metanol, coque (carvão para uso siderúrgico, de qualidade comparável à dos carvões mineirais), carvão reativado, gases combustíveis, ácido acético e alcatrão, além da parte fibrosa, que serve como adubo e ração animal. Do mesocarpo (a polpa que fica entre a casca e o caroço ou castanha), que corresponde a 20% de coco de babaçu, seriam produzidos, em média, 3 520 kg/ha, Essa parte é farinosa-oleaginosa e dela se extrai um amido transformável em etanol. Dos 3520 kg de polpa, extraem-se 212 kg de amido, que produzem 823 kg de eranol, por fermentação. O endocarpo (uma espécie de caroço, dentro do qual estão as castanhas) corresponde a 59% do peso total do coco de babaçu, ou seja, 10384 kg/ha. Desse material podem-se extrair 2949 kg de carvão, 125 kg de metileno e 1973 m3 de gás. As amêndoas, de três a cinco por coco, representam 6% do peso total, ou seja, 1056 kg/ha, e podem fornecer 580 kg de óleo, atualmente utilizado na indústria de alimentos e outras de transformação. A torta que sobra da prensagem já foi testada por empresas dos Estados Unidos e da Inglaterra, comprovando-se que é uma excelente matéria-prima para a produção de mingaus, cremes e doces, especialmente para a nutrição infantil.
Dificuldades
Apesar de todas essas possibidades, a única parte do babaçu comereializada regularmente ainda é sua amêndoa, ou seja. apenas 6% do peso do coco. Apesar de existirem máquinas que quebram o duríssimo coco de babaçu, isso ainda é feito na maioria das vezes manualmente, pelas cerca de 300 000 famílias que vivem do babaçu no Maranhão. O processo é duro e arriscado, e feito geralmente por mulheres e crianças. Elas seguram o coco sobre o fio do machado e batem várias vezes com um porrete até abri-lo.
O auge da colheita ocorre no final da estação seca, de setembro a dezembro, quando os homens estão ocupados com o desmatamento e queima dos locais de roças para plantio, mas o coco pode ser armazenado para a quebra nos meses seguintes. As mulheres e as crianças vão para os cocais, colhem os cachos que caem e os quebram lá mesmo ou em casa. Já há indústrias que compram o coco inteiro, sem quebrar, pagando apenas o preço das amêndoas. Uma pessoa consegue extrair no máximo 8 kg/dia amêndoas, mas como as mulheres fazem isso nos intervalos de seu trabalho doméstico, produzem de 3 a 4 kg/dia. O preço varia muito e, em no pico da coleta, poucas conseguiam ter uma renda diária de um terço de OTN. A comercialização é outro problema. Podem existir vários intermediários entre o "quebrador" e a indústria. Em média, 70% da renda ficam com o quebrador, 11,5% com o "quitandeiro" (que compra do quebrador e revende para a indústria) e 18,5% com o proprietário da terra. Para completar os problemas, a palmeira de babaçu leva até doze anos para atingir a maturidade total, sendo desvantajosa em relação ao dendê, por exemplo, que pode produzir mais de 25 000 kg/ha de coco em três ou quatro anos. Por isso, além de não plantar o babaçu, os proprietários de terras não lhe dão nenhum trato, não raleiam os cocais e em alguns lugares estão até mesmo derrubando as palmeiras, que dão lugar a pastagens.
Usos domésticos
Enquanto o aproveitamento industrial completo do coco de babaçu não vem, as populações que vivem dele o utilizam como podem, além das formas já citadas (carvão, óleo, trançados de palha e construção de toda a casa). O caule do babaçu, por exemplo, quando está podre, serve como adubo; se está em boas condições, serve para fazer pequenas pontes, bancos e alicerces. E se a palmeira é jovem (palmiteira), dela se extraem o palmito e uma seiva que, se fermentada, produz uma .bebida que chamam de vinho de babaçu. O caule derrubado atrai larvas de besouro que são utilizadas como iscas para a pesca ou fritas e comidas como petiscos.
As amêndoas podem ser torradas, piladas (descascadas no pilão), misturadas com água e coadas, dando então o 1eite-de-coco usado como tempero de carne e peixe. Se forem torradas, piladas e cozidas, as amêndoas dâo 65% de um óleo de cozinha usado também para fazer sabão, e o seu resíduo vai para a alimentação de galinhas.
Composição nutricional por 100 g
Amêndoa: 313 calorias, 3,9 g de proteínas, 30 mg de cálcio, 40 mg de fósforo, 1 mg de ferro, 0,32 mg de vitamina B1 e 0,25 mg de vitamina B2
Óleo: 891 calorias.
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