O Guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Ducke), é uma trepadeira nativa da Amazônia, é cultura quase exclusivamente nacional (só na Amazônia venezuelana há uma pequena produção) e praticamente só na sua região de origem. Até metade da década de 1960, era uma cultura extrativista, explorada em alguns poucos municípios amazonenses, principalmente Manés, porém a procura aumentou e a cultura se multiplicou, com o apoio da Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual (Embrapa-UEPAE) de Manaus, que desenvolveu pesquisas visando aumentar a produtividade, atualmente de 350 g por pé em média (em tomo de 140 kg/ha). Há plantas que produzem 5.9 kg, mas o que se pretende é bem mais modesto: conseguir uma média de 370 kg/ha na região.
Aumenta a demanda

Clima e solo
O clima apropriado para o guaranazeiro é o quente úmido, com temperaturas médias superiores a 21°C e umidade relativa de 80%. As chuvas devem ser de mais de 1.300 mm e bem distribuídas durante a maioria dos meses do ano, os solos devem ser profundos, bem irrigados e porosos, o guaranazeiro não aceita solos encharcados. Precisam também ser ricos em materia organica, podem ser quimicamente pobres, e ter pH de 4,5 a 5. Devem-se evitar solos de baixada, e de textura arenosa e, no caso de plantações fora da Amazônia (especialmente em São Paulo), a exposição ao vento sul.
Plantio
Normalmente, o plantio do guaranazeiro pode ser feito durante o ano todo, mas recomenda-se de preferência o período de chuvas. Em São Paulo, convém que se faça o plantio de outubro a março. O espaçamento mais utilizado na Amazônia é de 4 x 4 m (625 plantas/ha), na Bahia tem-se obtido sucesso com o espaçamento de 6 m entre as linhas e de 4m entre as plantas, sempre em covas de 40 x 40 x 40 cm, Como o guaraná é uma trepadeira, uma espécie de cipó resistente, mas delicado, especialmente no primeiro ano, precisa de tutoramento, por mourões com 2 m de altura e 15 cm de diâmetro. Há produtores que não tutoram a planta; ela é cultivada de forma rasteira, mas corre-se alto risco de perda se o fruto abrir e ficar em contato com o chão. No ínicio o guaranazeiro precisa de sombra, por isso recomenda-se o plantio consorciado de bananeiras ou mandioca na área.
Mudas
As mudas são produzidas por meio de sementes e de estacas, destacando-se á enxertia. As mudas feitas a partir de sementes demoram dezoito meses até estarem prontas para o plantio, As sementes dó guaraná perdem seu poder germinativo em sete dias, aproximadamente, por isso, devem ser armazenadas em caixotes de madeira com areia lavada ou pó-de-serra curtido, ou então plantadas logo depois da colheita. As sementeiras à sombra, são leitos de areia com 10 a 15 cm de profundidade, colocam-se cerca de 1000 sementes por m2, que se cobrem com 2 a 3 cm de areia lavada. No primeiro mês, a sementeira deve ser protegida com aniagem, e regada diariamente. A germinação é de 80%, num período que varia de três a doze meses, quando as plantas já tiverem de duas a quatro folhas, são transferidas para saquinhos de polietileno de 10 x 20 cm com terra rica, com cuidado para que as raízes não se dobrem. As mudas ficam 110 viveiro até o momento de ir para o local definitivo, cerca de doze meses depois da repicagem O enraizamento de estaca se faz por meio do corte de galhos de uma planta altamente produtiva, com uma ou duas gemas, entre 15 e 20 em de comprimento, cobrindo-se com parafina o corte superior. A estaca deve ser retirada de um ramo do ano (nascido no ano), E de cada ramo se podem tirar várias estacas, os cortes são feitos em cima de gemas, devendo ficar duas folhas por estaca (se as folhas forem muito grandes, cortar ao meio, de forma transversal). O processo de enraizamento de estacas é complicado e por isso não é recomendado para produtores individuais, O aproveitamento oscila em tomo de 80% (as mudas originárias de sementes devem ter um aproveitamento médio de 50% descartando-se as piores). Para que haja enraizamento, é necessário que se mantenha a umidade na superfície por um método da irrigação que garanta a uniformidade e a distribuição adequada da água no viveiro. Entre-os métodos de irrigação, o que se mostrou mais adequado em experiências da UEPAE de Manaus foi a nebulização, que deu um índice de enraizamento de 85%, a nebulização consiste em criar uma espécie de névoa no viveiro, para que as mudas se enraízem bem. Os guaranazeiros originados de mudas de estaca costumam produzir depois de dois anos, enquanto os de semente demoram até seis anos.
Tratos culturais
Devem ser feitas duas limpezas anuais, essas limpezas preferencialmente sem enxada, pois a enxada pode danificar as raízes do guaranazeiro que são bastante superficiais. Deve-se também utilizar cobertura morta nos primeiros dois anos para proteger as raízes, evitar invasoras e manter a umidade do solo. Depois de dois anos a copa do guaranazeiro já vai estar formada não sendo mais necessário fazer a cobertura morta.
Poda
Podas de formação devem ser feitas nos três primeiros anos, mantendo apenas trés ou quatro ramificações secundarias, a partir de 30 centímetros de altura do solo. Poda-se as ramificações depois da
quinta ou sexta gema, o caule principal deve ter seu broto terminal podado a
aproximadamente 1,70m, a fim de formar uma copa mais densa isso também evita o tombamento, é recomendável fazer podas de frutificação.
Consorciação
Durante os três primeiros anos, pode
consorciar-se, nas entrelinhas, com feijão, milho, batata-doce e mandioca. Há
registros de experiências bem sucedidas de consórcio do guaraná com o maracujá
e com a pupunha, às vezes com ambas as culturas ao mesmo tempo, Em São Paulo,
pode consorciar-se também com arroz e abacaxi. Não se recomenda a consorciação
com seringueira, pois ela cresce demais, dando sombra em excesso, O
guaranazeiro só necessita de sombra em seus primeiros anos.
Pragas e doenças
As
pragas que podem atacar o guaranazeiro são formigas, gafanhotos, grilos, cochonilha,
lagartas e cupins, Algumas aves, como a pipira, o sanhaço, o jacu e o tucano se
alimentam do fruto do guaranazeiro. É preciso tomar cuidado no combate as
pragas, pois a polinização é feita exclusivamente por insetos, principalmente
abelhas, que podem ser afetados. As principais doenças são a antracnose e o
superbtotamento. A Embrapa recomenda que pequenos produtores adensem mais a sua
plantação e quando surgirem plantas doentes, que as arranquem para que a
cultura fique com a densidade recomendada. Outras doenças são a
podridão-vermelha-das-raízes, a pinta-preta-dos-frutos, a costa-preta, a
bacteriose e a galha do tronco.
Colheita
Faz-se a colheita quando os frutos estão maduros, normalmente duas vezes por semana. Os cachos colhidos ficam dois ou três dias na sombra para ocorra o processo de fermentação que facilita a separação da casca. Retiram-se as sementes pisando (procedimento chamado pisa-pisa) sobre os cachos, para que elas se soltem. Depois coloca se tudo cascas e sementes num tanque com água ou num igarapé. A casca é mais leve e bóia, a semente afunda (a Embrapa-UEPAE de Manaus já adaptou descaroçadeiras de mamonas e amendoim para o guaraná, mas esse equipamento é pouco utilizado. Na Bahia, usa-se uma despolpadeira desenvolvida lá mesmo), depois, a semente vai para a torrefação, num fomo de barro ou de ferro. O de barro dá uma torrefação mais uniforme, mas o de ferro é mais usado. Esse sistema é empírico, herdado dos índios. A UEPAE-Manaus introduziu na região um secador solar, trazido da África e adaptado, que faz a secagem sem tonar as sementes. O guaraná então já pode ser comercializado ou transformado em pó ou bastão. Para produzir o bastão, socam-se as sementes num pilão, colocando-se uma quantidade de água, guardada em segredo pelos produtores, até obter uma pasta que é transformada em bastão ou em imagens, com forma de animais, frutas ou cenas da vida amazonense, por verdadeiros artistas. Normalmente, as imagens são feitas apenas com sementes pequenas, de qualidade inferior e vendidas mais como curiosidade ou lembrança de viagem. Depois dedada a forma de bastão ou imagem, começa um processo de defumação, com fumaça de lenha de muxiri, pau-mulato ou paricá. Essa operação exige de 15 a 30 dias e deve ser feita sem interrupção. Como o bastão de guaraná é duro, ele deve ser ralado, para virar pó, que é misturado em água. O "ralador" utilizado é a língua de pirarucu, que na verdade é um osso áspero que fica na base da língua desse peixe. Essa forma de consumo é mais comum em Mato Grosso (especialmente em Cuiabá). O pó ralado é misturado com açúcar e água e é usado como substituto do chá, do mate ou café.
Comercialização
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