A cebola (Allium cepa L.), conhecida desde a Antigüidade, era o principal alimento dos escravos no Egito Antigo, e da população pobre de diversas regiões e épocas distintas. Só na Idade Média passou a ser usada como condimento. No Brasil, é hoje a terceira hortaliça em importância, só superada pela batata e tomate, chegando a ser a mais importante em alguns estados, como Santa Catarina. A cebola é uma hortaliça de ciclo anual (para a produção de bulbos) ou bienal (para a produção de sementes).
Solo
O melhor é o de textura média, rico em matéria orgânica, profundo e não argiloso. O pH deve ser em torno de 6 e, em caso de acidez, recomenda-se a correção com calcário dolomítico. Ela é uma das plantas mais sensíveis à acidez.
Clima
O comprimento do dia (fotoperíodo) é importante para a boa formação dos bulbos: cada variedade exige um número de horas de luz por dia (ver no item Variedades). As temperaturas mais favoráveis variam de 15 a 25°C nos quatro primeiros meses após a semeadura. As chuvas na época da colheita são muito prejudiciais à cultura.
Variedades
A indicação de variedades deve levar em conta as exigências de luz e as condições da região. O ciclo vegetativo das variedades também varia, e essa variação se relaciona com as exigencias de luz. As variedades de dia curto, que produzem com 10 a 12 horas de luz por dia, têm um ciclo precoce, (de 130 a 160 dias da semeadura à colheita). As de dia médio, que precisam de 11 a 13 horas diárias de luz, têm um ciclo de precocidade média, de 161 a 200 dias. As de dia longo precisam de mais de 13 horas de luz por dia e têm um ciclo tardio, superior a 200 dias. No Vale do São Francisco, por exemplo, onde os dias têm pouco mais de doze horas no verão, recomendam-se variedades como a pêra IPA-1 e a pêra IPA-2, criadas especialmente para as condições do submédio São Francisco, em Pernambuco. Outras variedades apropriadas para a região são a amarela chata das canárias, a excel (ou bermuda-86), a granex-33, a baia do cedo e a red creole. No norte de Minas, costuma-se plantar a baía periforrne, a texas grano e a roxa do barreiro. Para São Paulo, o engenheiro Agronômo Rogério Saltes Lisbão, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) indica as variedades baia periforme, baia periforme precoce, baia superprecoce, baia do cedo, taxas grano 502, baia jubi- leu, pira ouro, baía ouro AG-59, granex 33, granex 429 e a XPH-3325 que foi lançado a alguns anos. Mais para o sul, são recomendadas a rio grande, pêra baia perifor- me, jubileu e norte-14. Para o Rio Grande do Sul, indicam-se as variedades baia periforme, jubileu, rio grande, crioula, pêra norte e norte-14. Na região produtora de Santa Catarina, são cultivadas a baia periforrne, a jubileu e a norte-14, além da nova variedade empasc 351 seleção crioula.
Propagação
Por sementes ou bulbinhos (produzidos especialmente para plantio). O método mais usado é o plantio de sementes em sementeiras e depois o transplante para local definitivo.
Produção de mudas
A sementeira deve ser preparada em local de fácil acesso, em terreno bem drenado e arejado, que não tenha sido cultivado com cebola recentemente, de preferência perto de água limpa, para irrigação. Se a textura do solo não for boa, recomenda-se a incorporação de matéria orgânica ou terra vegetal (terra de mato). Fazer também as devidas correções do solo, após a análise da terra, e juntar 5 kg/m2 de esterco. A área necessária para a produção de mudas para 1 ha tem sido de 500 a 600 m2, mas pode ser reduzida para 300 a 400 m2, seguindo-se estas recomendações. Os canteiros devem ter de 60 a 80 cm de largura, e a semeadura é feita em linhas distanciadas 10 cm entre si. Para 500 a 600 m2 de canteiros são necessários 2,5 a 3 kg de sementes. Para 300 a 400 m2 gasta-se 1,5 a 2 kg. Depois da semeadura, o solo deve ser coberto com palha seca, que precisa ser retirada logo que as plantas comecem a nascer. Tanto a falta como o excesso de umidade prejudicam a germinação e o desenvolvimento; por isso o solo deve ser bem drenado, e a cultura irrigada com freqüência, mas sem que se encharquem os canteiros. O combate a invasoras é importante, porque elas concorrem com as mudas. O terreno deve ser mantido limpo, com a erradicação das invasoras feita a mão ou com a enxadinha apropriada. Não se deve usar herbicidas.
Época de plantio
A colocação das mudas no local definitivo ocorre 40 a 60 dias depois da semeadura, A época desse transplante depende das variedades e das condições climáticas da região. Pode-se plantar em algumas regiões selecionando-se as variedades adequadas em qualquer época do ano, mas em todos os Estados produtores há uma concentração maior em alguns meses. Em Pernambuco, a principal época de transplantio vai de janeiro a maio, concentrando-se mais em fevereiro e março; na Bahia, planta-se mais também em fevereiro e março e um pouco menos em janeiro. Em Santa Catarina, o período em que se planta mais cebola vai de julho a setembro, principalmente no mês de agosto; No Rio Grande do Sul, 75% do plantio é feito em agosto. Em São Paulo, segundo o eng. agr. Rogério Lisbão, quem semeia diretamente no campo, sem utilizar mudas, o faz de fevereiro a abril. O Produtor que planta com mudas, semeia entre fevereiro e abril e faz o transplante 40 a 60 dias depois. Quem utiliza bulbinhos, semeia em junho-julho, colhe os bulbinhos em outubro-novembro e planta-os em fevereiro-março.
Transplantio
Nos plantios de julho em diante, os transplantes devem ser feitos quando às mudas têm de 4 a 6 mm de diâmetro e, nos feitos antes de julho, quando elas têm de 3 a 4 mm. As mudas muito pequenas não devem ser utilizadas, porque a porcentagem de pega cai muito depois do transplante. Onde se faz a capina utilizando-se tração animal, o espaçamento deve ser de 60 cm entre as ruas e de 15 cm entre as plantas. Há agricultores que chegam a usar um espaçamento de 12 x 7 cm para melhor aproveitamento do terreno, mas o mais recomendado é de 25 a 30 cm entre as ruas e de 10 cm entre as plantas. Para, se fazer o transplante, abre-se um sulco estreito, com uma enxada pequena ou uma enxada comum inclinada, ou então um sulco largo, da largura da enxada comum; colocam-se as mudas, que são cobertas até a mesma altura em que estavam enterradas na sementeira, usando-se a própria terra tirada na abertura do sulco. Em alguns lugares de solo arenoso as mudas são transplantadas com os dedos, sem abertura de sulcos.
Polinização
A polinização da cebola. com suas flores masculinas e femininas isoladas, se faz principalmente por insetos. O mais eficiente é a abelha Apis melifera.
Tratos culturais
A cebola sofre muito com a concorrencia de invasoras. O controle deve ser feito com enxada ou a mão. Normalmente é preciso fazem três ou quatro capinas. A irrigação, se necessária, deve ser menor e mais freqüente, de maneira que não haja falta nem e-cesso de umidade. Perto do final do ciclo, a irrigação deve ser suspensa para que se processem a maturação e a cura de forma adequada.
Pragas e doenças
A principal pragada cebola é o tripes, ou piolho, que prefere tempo quente e seco. Em algumas regiões a lagarta-do-milho também ataca a cebola, principalmente na falta de plantações de milho. As doenças são muitas e, caso ocorram, podem causar prejuízos de 20 a 70%. Em sementeiras, a mela é um dos principais fatores para o baixo aproveitamento das mudas. Geralmente ela é favorecida pelo alto grau de umidade e pela falta de luz e sol dos dias sombrios e com cerração. Por isso é que se recomenda a instalação da sementeira em local ensolarado e bem-arejado, e que se façam irrigações freqüentes e pouco intensas. Na fase pós-transplante aparecem principalmente a mancha-púrpura e a queima-das-pontas ou mofo-cinzento. Depois disso, as doenças mais prejudiciais são omíldio, ou lã-preta, provocada pelo fungo Peronospora destructor, e a antracnose,também conhecida por mal-das-sete-voltas. Outras doenças que podem causar podridão nos bulbos são o bico-branco e podridão-do-pescoço. O controle de todas essas doenças, e também das pragas, deve ser orientado por técnicos.
Maturação e colheita
Nas variedades precoces e de ciclo médio, a maturação se inicia pelo estalo, que é o tombamento da parte aérea (a rama). As folhas mais velhas começam a secar e as túnicas externas dos bulbos adquirem a cor característica de sua variedade. Nas variedades tardias não há o estalo, e a maturação se observa apenas pelas folhas e pelos bulbos. O ciclo da cebola, da semeadura à colheita, varia de 140 a 200 dias. A colheita é feita manualmente, arrancando-se a planta (em solos mais duros, afrouxa-se o terreno em volta das plantas), sem que a parte aérea se destaque do bulbo, porque isso prejudicada a cura. A cura consiste em deixar as plantas em linha no próprio campo, depois que elas são colhidas, para perderem o excesso de umidade. A cura, ao sol é muito importante e deve durar de dois a três dias,com as plantas colocadas de maneira que arama de uma fila cubra os bulbos da fila anterior, para que eles não sejam queimados pelo sol. A cura é completada à sombra, feita em galpão ou depósito, e pode durar de 20 a 60 dias, defendendo das condições do clima na época da maturação e da colheita. A cura bem feita deixa a cebola com a rama amarelada, flexível e sem sinais de enegrecimento. Os bulbos ficam com a coloração mais intensa, com as túnicas externas brilhantes e soltando-se com facilidade.
Conservação
Para uma boa conservação, os depósitos devem ser amplos, secos e bem-arejados, com piso mais alto do que o terreno ao seu redor e com capacidade para uma boa estocagem, mesmo quando houver excesso de safra. As aberturas e a cobertura não devem de maneira alguma deixar entrar umidade nos períodos de chuva. A melhor forma de armazenamento é a que se fica em varais, de varas dispostas paralelamente ao chão,umas sobre as outras, com distância de 50 a 60 cm uma da outra (corno um jirau em forma de escala), presas a suportes verticais de madeira. A cebola é a condicionada em molhos nos varais, para que uma pessoa possa passar entre eles, a fim de verificar se existem bulbos podres, que devem ser eliminados. Os varais devem ser construídos no sentido do comprimento do galpão, para que haja bom arejamento. Em boas condições de produção de armazenamento, a cebola pode ser conservada até a entressafra, para alcançar melhor preço, como fazem alguns produtores. O beneficiamento, que consiste no corte da rama, é feito na época da comercialização. Também devem ser retiradas as túnicas (cascas) que estiverem parcialmente soltas ou sujas de terra. A embalagem é feita em sacos de 20 a 25 kg.
Classificação
Fora algumas características das variedades, como a coloração da casca, que pode ser amarela, branca, roxa ou vermelha, urna classificação correta leva em conta vários fatores. Um deles é o diâmetro do bulbo (sentido transversal). A classificação comercial considera de primeira as com bulbo de mais de 5,5 cm de diâmetro, de segunda as que tiverem entre 4 e 5,5 cm e de terceira as com 2,5 a 4 cm, enquanto as com menos de 2,5 cm de diâmetro são vendidas para fábricas de conservas. O sistema de classificação recomendado pelo Ministério da Agricultura considera como cebola classe 4 (graúda) a com diâmetro de mais de 8 cm; classe 3 (média) a com 6 a 8 cm; classe 2 (pequena) a com 4 a 6 cm; e miúda a com 2 a 4 cm. Além do tamanho, leva-se em conta a forma da cebola, que pode ser ovalada, periforme (em forma de pêra), globular (redonda) ou achatada. Os principais defeitos que desvalorizam a cebola são os bulbos brotados, com talo grosso (talo além do normal e geralmente oco), descascados, deteriorados (apodrecidos), deformados, esverdeados (as variedades brancas, quando expostas ao sol na cura, ficam esverdeadas e perdem o valor; devem ir diretamente para acura à sombra), com mancha-preta (provocada pelo ataque de fungos) ou com danos mecânicos (esmagamentos, cortes ou ferimentos, provocados no transporte ou por qualquer meio).
Produtividade
Produtividade média de 11.022kg/ha no Brasil produtividade conseguida por São Paulo é 16.462 kg/ha, Santa Catarina, com 10,288 kg/ha. A menor foi por Sergipe, com 4.500kg/ha. As sementes são produzidas quase exclusivamente pelo Rio Grande do Sul.
Composição nutricional por 100 g
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