Existem vários tipos e amoreiras-pretas (família Rosaceas, gênero Rubus), nativas do Brasil. É uma planta arbustiva, ereta ou rasteira, com caule e hastes muito flexíveis, cobertos por espinhos em algumas variedades. Seus frutos, roxo-escuros, podem ser consumidos ao natural ou utilizados para fabricar geléias, sucos, licores, doces, sorvetes, iogurtes etc. Sendo uma planta rústica, a amoreira-preta tem custo de produção baixíssimo e renda compensadora. Dispensa inseticidas e fungicidas, e não precisa de adubos, especialmente em terras férteis, razão porque tem despertado grande interesse dos agricultores. Produz economicamente desde o Rio Grande do Sul até o Sul de Minas.
São conhecidas de 400 a 500
espécies de amora-preta. Além das brasileiras, há algumas variedades
norte-americanas, trazidas para o Brasil em 1972; como a comanche, a cherokee e
abrazos. As recomendadas pelo Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima
Temperado (CNPFT) da Embrapa são as seguintes: brazos, precocé, de porte
semi-ereto, com frutos que pesam de 6 a 7g de sabor ácido e adstringente,
firmes; comanche, bastante produtiva, um pouco mais tardia que a brazos, porte
ereto, frutos de 5 a 7 g; cherokee, mais
tardia que a comanche, mais exigente em frio, porte ereto, frutos de 4 a 5 g,
firmes; ébano, produtiva, sem espinhos, mais tardia que a cherokee, frutos de 6
a 7 g, firmes, de maturação desuniforme, porte rasteiro; enegrita, a preferida
pelas indústrias, produtiva, precoce. ereta. frutos de 5 a 6 g, muito firmes.
Clima e solo
A amoreira-preta precisa de
cerca de 150 horas de frio (abaixo de7,2° C) por ano. É pouco suscetível às geadas.
Desenvolve-se bem em vários tipos de solos, desde que bem drenados. O pH
preferido é de 5,5 a 6,5. Como as demais fruteiras, deve ser plantada em encostas
suaves, com boa ventilação.
Plantio
Pode ser feito em qualquer época do ano, porém
os meses mais indicados são os mais frios. E sem nenhuma adubação, pois os
adubos queimam suas raízes. Podem-se utilizar estacas de raiz ou mudas. Se o
plantio for de estacas de raiz, elas devem ser colocadas horizontalmente em
sulcos de 5 a 7 cm de profundidade e cobertas imediatamente, para evitar o ressecamento.
Se forem usadas mudas, devem ser plantadas um pouco mais profundamente do que
estavam no viveiro. E o solo precisa ser bem compactado ao redor das mudas.
Para produzir as mudas cortam-se ramos de 20 cm, com díametro igual ao de um
lápis. Podem-se aproveitar os restos de poda, especialmente ramos verdes, e
colocá-los em caixas de areia, onde se enraizarão. O processo será acelerado se
a parte inferior da estaca, que vai ser fixada na areia, tiver as laterais
descascadas em aproximadamente 2 cm e for banhada antes, por 5 segundos, em
solução de ácido indolburílico e 2 000 ppm (0,2%). O enraizamento demora trinta
dias. Outra forma de obter mudas é aproveitar os perfilhos, ou seja, as plantas
que nascem naturalmente próximas à fila: as variedades do tipo rasteiro podem
ser multiplicadas por mergulhia (aponta de um ramo da planta, ainda preso a
ela, não cortado, é mergulhado no chão e cria raízes). O espaçamento
normalmente recomendado é de 2 a 3 m entre as linhas e de 80 cm entre as
plantas. Por causa da flexibilidade de seus galhos, ela precisa de anteparos
laterais, para que seus ramos não encostem no chão na época da frutificação. O
anteparo é feito por mourões fincados a cada 15 m, com duas linhas de arame ou
taquara entre eles, a 60 cm e a 1 m do chão, para a sustentação (ou condução)
da planta, em especial para as variedades brazos e ébano. As demais precisam de
apenas um fio, a 60 cm do chão.
Irrigação
A irrigação deve ser feita por
aspersão. Se for plantada em julho ou agosto, em dezembro do ano seguinte a amoreira-preta
produz a primeira safra e, daí por diante, passa a produzir anualmente, por 12
a 15 anos.
Poda
Enquanto se desenvolvem as flores
e os frutos nos ramos nascidos no ano anterior, novas hastes nascem e crescem. No
final da colheita, os ramos que produziram morrem, enquanto as novas hastes crescem
para produzir no ano seguinte, e assim as plantas se renovam anualmente. Dois
tipos de poda são feitos no verão: a de limpeza, que é a eliminação dos ramos que
produziram no ano e que devem ser cortados rentes ao solo; e a poda de
desponte das hastes novas, que ficarão com a altura de 1,00 a 1,20 m, para
forçar as brotações laterais, das quais sairão os ramos que produzirão no ano
seguinte. Sempre que necessário, durante o verão, as hastes e os ramos podem
ser despontados, principalmente para manter livre a passagem entre as linhas.
No inverno, os ramos secundários, localizados até 30 cm acima do solo, são
eliminados. E os ramos laterais, despontados, reduzidos acerca de 30 cm e
raleados para ficar coma distância de 10 a 15 cm entre eles. Os ramos finos
precisam ser cortados a 15 cm da inserção, e os que não forem utilizados para
enraizamento devem ser retirados da lavoura e queimados.
Invasoras e consorciação
O controle de invasoras é
indispensável, pelo menos perto das plantas. Ele pode ser feito com cobertura
morta, de qualquer tipo, com espessura de 15 cm, para impedir a pene-tração dos
raios solares e a germinação das invasoras. Entre as linhas, recomendam-se roçadas
baixas, podendo-se plantar nesse espaço plantas rasteiras que não competem com
a amora-preta, como a alface e o morango.
Pragas
A mosca-das-frutas, que pode aparecer nas
plantações de amora-preta, é plenamente controlável com armadilhas feitas de recipientes
de plástico turvo (vasilhame de álcool e outros), colocadas à distância de 15 m
entre elas.
Colheita
A colheita se faz a cada dois ou
três dias, devendo ser recolhidos apenas os frutos completamente pretos.
Os vermelhos ainda não estão maduros e devem ser deixados para a colheita seguinte.
Os frutos expostos ao sol tomam-se avermelhados. Por isso devem ser colocados
imediatamente à sombra, onde se conservam em boas condições, no máximo, de seis
a oito horas. Em câmaras frias, a 2°C, conservam-se por cinco ou seis dias,
tendo de ser comercializados nesse período. O consumo in natura cresce a cada
ano, mas a indústria ainda absorve a maior parte da produção. Para o consumo
direto, usam-se embalagens de 250 e 500 g. Para a indústria, embala-se a amora-preta em
caixas de 7 kg, com altura nunca superior a 10 cm, para que as camadas
inferiores não sejam prejudicadas.
Composição por 100 g
61 calorias, 1,2g de proteínas, 36 mg de cálcio, 48 mg de fósforo, 1,57 mg de ferro, 20 mmg de vitamina A, 0,03 mg de vitamina B1, 0,06mg de vitamina B2 e 0,4 mg de vitamina-C.Fotos
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