São várias as espécies de. cana-de-açúcar. As chamadas nobres ou tropicais (Saccharum officcinarum L.) são originárias da Oceania, e as outras da Ásia. A cana já era conhecida 3000 anos antes da era cristã, na Índia, onde os gregos a encontraram em 327 a.c. No Brasil, a indústria açucareira data do século XVI. Foi trazida da Ilha da Madeira e cultivada quase simultaneamente em Pernambuco e São Paulo. Os primeiros engenhos foram construídos perto de Santos (SP). Durante150 anos a cana-de-açúcar foi o principal produto agrícola brasileiro. Esse ciclo foi interrompido pelo descobrimento de ouro e diamantes em Minas Gerais. A importância da cana-de-açúcar começou a diminuir durante o final do século XVIII, quando espanhóis e holandeses passaram a cultivá-la e a construir engenhos nas suas colônias do Caribe. Com o declínio da mineração do ouro no começo (10 século XIX, renasceu a cultura da cana-de-açúcar no Brasil, voltando a ser um dos principais produtos de exportação. Já na década de 70, com a crise de petróleo e a criação do Proálcool, a cultura assumiu uma nova importância, como fonte de combustível. Hoje, a cana é o principal produto agrícola brasileiro em volume de produção (222 milhões de toneladas em 1984, enquanto o segundo e terceiro ficaram com a mandioca, com 21,4 milhões de toneladas, e o milho, com 21,1 milhões, portanto dez vezes menos que o volume da cana). O Brasil é também o maior produtor mundial, seguido da Índia, Cuba, México e China. Em valor de produção, no Brasil, em 1984 a cana-de-açúcar ocupava o segundo lugar, só superada pela soja.
A cana-de-açúcar é uma planta semiperene. O seu sistema radicular compreende: a) raízes temporárias (o primeiro órgão da planta que se desenvolve e dura menos de trinta dias), que suprem a planta de alimento no primeiro estágio do seu desenvolvimento; b) raízes permanentes, que partem do ponto baixo do colo e acompanham a planta durante toda a sua vida; c) raízes adventícias ou aéreas, que partem nos primeiros nós do colmo.

Clima
A cana-de-açúcar exige calor e umidade. Sem essas condições não produzirá bem. A melhor temperatura para a cana é de 30 a 34°C, abaixo de 20°C o crescimento é muito lento, acima de 35°C também é lento, e além de 38°C ela não cresce. A cultura precisa de 1500 mm de chuvas por ano.
Solo
Para a formação dos canaviais são preferíveis os solos aluvionais, localizados nas baixadas, planos, profundos, porosos e férteis. Solos ácidos ou salinos não servem. E preciso fazer a análise e a correção do solo quando isso for necessário. Alguns pesquisadores concluíram que a produtividade dessa cultura é excelente quando cultivada em solos com pH entre 7 e 7,3. Segundo a Emater-Pá , acana se desenvolve bem em solos de pH5,5 a 6,5 e exige correção em caso dos solos mais ácidos. A preparação do terreno é um dos suportes básicos para um bom rendimento da cultura de cana. O emprego da mecanização em todas as fases de operação agroindustrial vem sendo intensificado, embora a atividade açucareira seja das que dificilmente prescindirão dê mão-de-obra.
Variedades
As principais variedades de cana são as que mais produzem sacarose, mas com o ataque do mosaico foi necessário fazer cruzamentos para encontrar variedades resistentes às doenças. Esses cruzamentos foram feitos, principalmente, entre as espécies Saccharum officcinarum L. e Saccharum spontaneum L. Atualmente, existem numerosas variedades criadas pelos institutos de pesquisas.A escolha é indicada pelas características do lugar de plantio. Sem esses cuidados a produção poderá não ser a esperada.
Época de plantio
A diversidade de climas determina perfil dos de plantio e colheita distintos para as diversas regiões.
Em São Paulo, de modo geral, planta-se de outubro a março e colhe-se de maio a outubro; enquanto no Nordeste o plantio se faz em julho e novembro e a colheita, de dezembro a maio.
Plantio
O processo mais utilizado é o de plantio em sulcos, principalmente nas grandes áreas, mas planta-se também em covas. O plantio em sulcos é mais rápido e facilita as operações de irrigação. Os sulcos são espaçados de 1,30 a 1,50 m e têm a profundidade de de 25 a 30 cm. Normalmente usam-se toletes (pedaços) de cana com 3 gemas para o plantio, mas há experiência com toletes de tamanhos maiores e mesmo com a cana inteira e aparentemente não há diminuição da produção. Gastam-se 6 a 8 t/ha de cana para o plantio.
Tratos culturais
Fontes: Plantio da Cana-de-açucar, disponível em http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_33_711200516717.html, acesso atualizado em 05/03/2015.Tratos culturais
A cana-de-açúcar desenvolve-se melhor se o terreno estiver limpo. Por isso, é importante fazer capinas regularmente. As plantas invasoras prejudicam a cultura, pois competem com ela pelos nutrientes do solo. Quando há falta de chuvas, alguns técnicos a conselham a escarificação do solo, para afofá-10 e manter a sua umidade. A cobertura morta também traz benefícios para a cana-de-açúcar: age contra as altas tempera-turas e os ventos, que ressecam os terrenos. Além disso, protege o solo contra aerosão. No Nordeste a irrigação é importante para que o canavial se desenvolva bem, pois as chuvas não atingem a quantidade necessária (1500 mm ano).
Pragas e doenças
Entre as pragas, abroca (Diatraea saccharalis. Diatrea spp)é a mais grave e comum em todas as regiões. Seu controle tem sido tentado fundamentalmente por meio dos inimigos naturais, criados artificialmente ou importados. Os principais inimigos usados no controle biológico têm sido a mosca-do-amazonas (Metagonistytum minense T.); a Parathesia c1aripalpis W., o. Lixophagadiatraea e Apanteles flavips C. Na região Nordeste, a broca-gigante (Castnia licus) assume grande importância, pelos altos prejuízos que pode causar. Igualmente nessa região, bem como em Campos (RJ), as cigarrinhas (Mahanarva postica-ta e M. fimbriolata) se destacam entre a spragas, ao passo que em São Paulo apenas na região de Ribeirão Preto essa praga provoca problemas sérios. O controle biológico, com o fungo Metarhizium anizoplae, tem dado os melhores resultados. Levantamentos recentes indicam o grande perigo de nematóides, principalmente dosgêneros Melodoigine e Pratylenchus, notadamente em solos arenosos de baixa fertilidade. A mucuna-preta, uma leguminosa, tem se mostrado muito eficiente no controle dos nematóides.
A ocorrência de outras pragas, como lagartas, afídeos, cupins, formigas etc., tem sido registrada porém com importância local e esporádica. Por ordem de importância, estas são as principais doenças predominantes na região Centro-Sul: mosaico, raquitismo-da-soqueira, carvão, escaldadura, manchá-ocular. estria-vermelha, podridão-abacaxi e podridão-vermelha. O melhor meio de combater essas doenças é plantar variedades resistentes, já desenvolvidas por institutos de pesquisa.
A ocorrência de outras pragas, como lagartas, afídeos, cupins, formigas etc., tem sido registrada porém com importância local e esporádica. Por ordem de importância, estas são as principais doenças predominantes na região Centro-Sul: mosaico, raquitismo-da-soqueira, carvão, escaldadura, manchá-ocular. estria-vermelha, podridão-abacaxi e podridão-vermelha. O melhor meio de combater essas doenças é plantar variedades resistentes, já desenvolvidas por institutos de pesquisa.
Adubação
Antes de fazer a adubação, é necessário analisar o solo para saber quais suas características e os elementos carentes. Não existe receita exata, mas algumas experiências demonstraram que a cana-de-açúcar é muito exigente em elementos minerais. As plantas necessitam de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, magnésio, molibdênio, zinco, cobre, ferro, manganês, boro, vanádio e cloro. Desses, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os mais importantes, mas é preciso prestar atenção aos micronutrientes: embora em pequenas em pequenas quantidades, eles são necessários. A matéria orgânica do solo é importante fator da produtividade agrícola, pela influência que exerce sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Em Ponte Nova (MG), estudos dos efeitos da adubação orgânica (esterco de curral) e mineral efetuada por ocasião do plantio, na produção de cana (planta e soca), concluíram que, individualmente, as duas adubações resultaram na mesma eficiência, mas que, quando aplicadas em conjunto, houve melhor resposta na produção.
Adubação verde
A adubação verde é fundamental para recuperar solos de baixa fertilidade e elevar a produtividade da cana-de-açúcar. Os adubos verdes comumente utilizados na biofertilização são as leguminosas, pois contêm mais nutrientes e produzem grande volume de massa verde, fixando ainda nitrogênio no solo.
Consorciação
Quando se criou o Proálcool, imaginava-se que o aumento da produção de cana se faria pela incorporação de novas áreas, que alargariam a fronteira agrícola. Mas o que aconteceu no início foi a expansão da cultura da cana em áreas tradicionais, que anteriormente produziam alimentos. O resultado foi uma redução da produção de alimentos. Uma alternativa. vantajosa para os produtores é a consorciação ou a rotação de cana-de-açúcar com feijão, milho, amendoim, soja ou outra cultura. A consorciação com feijão já é tradicional em alguns lugares, como no norte do Estado do Rio. Segundo a Embrapa, o sistema mais adequado para esse consórcio é a semeadura do feijão quinze dias depois do pjantio da cana, em duas linhas, a 25 cm de distancia do sulco de cana: Ainda segundo a Embrapa, esse consórcio há uma redução de 35% nos custos da plantação do canavial. Na região de RibeirãoPreto, com tecnologia -desenvolvida pelo Instituto do Açúcar e do Alcool e Planal-sucar (IAA/Planalsucar). as rotações de cana/soja e cana/amendoim têm possibilitado redução de 50% dos custos da renovação da cana. Além das vantagens economicas, a rotação e a consorciação de culturas com a cana oferecem muitos benefícios indiretos, como a possibilidade de manter o empregado na época da entressafra; a diminuição da erosão do solo,que passa ta ter uma cobertura vegetal mais intensa e por um período maior; a incorporação de matéria orgânica ao solo; a fixação de nitrogênio no solo, em caso de rotação ou intercalação com leguminosas; e a redução de invasoras.
Cultivo mínimo
Com o grande desenvolvimento da indústria química durante a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente com o surgimento dos herbicidas, tomou corpo a idéia do cultivo mínimo; já existente há tempos. Era uma idéia não muito bem aceita entre os produtores porque proporcionava produções menores do que a obtida pelos métodos convencionais. A expressão cultivo mínimo pode dar uma idéia um pouco irreal dessa técnica de plantio, que consiste num preparo mínimo do solo para o plantio controlando-se as invasoras sem revolver o solo. O método tornou-se mais viável na cultura da cana-de-açúcar com a descoberta de um herbicida sistêmico, não seletivo, de absorção foliar e não residual, que permite eliminar a soqueira antiga para a implantação do cultivo mínimo nas áreas de reforma de canaviais. Basicamente, o que se faz é eliminar a soqueira da cana usando-se herbicida e, em seguida, sulcar a terra nas entre linhas para o novo plantio. Como o herbicida é caro no Brasil, há quem faça uma aplicação em quantidades menores, complementando a destruiçãoda soqueira com o arrancador de soqueira trabalhando a pequena profundidade. A diferença básica entre o cultivo mínimo e o plantio direto é que neste (plantio direto) não se faz a sulcação da terra para o plantio. As vantagens do cultivo mínimo em relação ao tradicional são a possibilidade de plantio em épocas chuvosas (o que pode significar a antecipação do plantio em até alguns meses); a utilização mais intensa da área de plantio, já que o intervalo entre a colheita e o replantio é menor; a redução da erosão; a redução do uso de máquinas, implementos e combustível; a eliminação mais eficiente da soqueira antiga e o controle de invasoras problemáticas, como a tiririca e a grama-seda. Mas é preciso lembrar que o cultivo mínimo não pode ser feito em áreas que precisam de calcário nem onde há necessidade de mudar o alinhamento das ruas.
Colheita
É importante conhecer o ponto de maturação para a colheita, pois há um momento em que a cana é mais rica em açúcar. As variedades precoces são colhidas no início da safra, as médias no meio e as tardias no fim (planejamento de plantio é importante), para manter a atividade industrial em funcionamento por maior período. Costuma-se queimar o canavial para facilitar a colheita. Essa queima deve ser feita na madrugada que precede o corte e limitada de acordo com a capacidade de moagem da empresa. A introdução da colheita mecanizada está exigindo uma reformulação de todas as práticas culturais, para adaptar as lavouras ao novo sistema. Ao lado do crescente índice de mecanização, o corte da cana ainda é predominantemente manual, com o carregamento mecânico. Já se faz plantio mecanizado, distribuição de mudas com caminhões ou carretas é adubação por cobertura com tratores.
Em muitas regiões as operações de distribuição de mudas são ainda totalmente manuais.
Em muitas regiões as operações de distribuição de mudas são ainda totalmente manuais.
Usos
Os usos mais conhecidos para acana-ele-açúcar são como matéria-prima para o açúcar usado na alimentação humana, o álcool, a cachaça e a rapadura, além da alimentação animal e da utilização do seu bagaço como substituto da lenha. Os subprodutos de cana são obtidos de resíduos da agroindústria e da alcoolquímica. Alguns deles: rações, herbicidas, papel, tintas, adesivos, antibióticos, inseticidas, solventes, corantes, poliestirno, polietileno, ácido acético, enzimas etc.
De poluente a adubo
Quando jogada nos rios, a vinhaça, ou vinhoto, um sub-produto altamente poluente da indústria do álcool, rouba o oxigênio da água. Como a quantidade de vinhaça produzida é muito grande (11 / por litro de álcool), ela se constitui em problema para muitos usineiros, que são proibidos de jogá-la nos rios. Costuma-se dizer que ela mata os rios. Mas a vinhaça pode substituir com vantagem os adubos químicos potássicos para as culturas de milho, soja, citros, café e da própria cana. E sem nenhum custo, a não ser o de transporte. Mas a aplicação deve ser feita de forma correta e ordenada, pois do contrário pode provocar danos irreparáveis, segundo os técnicos do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que pesquisam a vinhaça desde 1979. Um engenheiro pernambucano, Luís Cláudio Gonçalves de Melo, descobriu outra forma de usar o vinhoto como adubo orgânico: jogado numa lagoa artificial, evapora-se a água formando-se uma crosta rica em nitrogênio. Como a base dos fertilizantes para a cana são nitrogênio, cálcio e fósforo, Melo comprou esses dois últimos elementos, que misturou com a crosta de vinhoto, numa betoneira comum, obtendo um excelente adubo. E os custos, em julho de1985, foram de pouco mais de 2 OTN/t,enquanto o preço das formulações comerciais era de aproximadamente 24 OTN/t.
Composição nutricional por 100 g de açúcar mascavo ( Valor nutricional açúcar mascavo)
356 calorias, 0,40 g de proteína, 51 mg de cálcio, 44 mg de fósforo, 4,20 mg de ferro, 0,02 mg de vitamina B1 0,11 mg de vitamina B2 , e 2 mg de vitamina C.
Açúcar refinado (Valor nutricional açúcar refinado)
385 cal. e O, 10 mg de ferro.
Caldo de cana ( Valor nutricional caldo de cana)
82 calorias, 0,30 g de proteínas, 13 mg de cálcio, 12 mg de fósforo, 0,70 mg de ferro, 0.02 de vitamina B1 0,01 mg de vitamina B2 e 2 mg de vitamina C.
Fotos
PARANHOS, S.B., coord. Cana-de-açúcar: cultivo e utilização. Campinas: Fundação Cargill, 1987. v.1/2.
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