
Clima e solo
Já existem algarobeiras espalhadas pelas mais diferentes áreas do semi-árido nordestino, vegetando e produzindo em ambientes de baixa umidade e altas temperaturas, o que indica que as condições existentes são propícias ao seu desenvolvimento. A planta se dá bem em áreas com 400 a 500 mm de chuvas por ano, com temperatura na faixa de 22 a 38"C e umidade relativa do ar entre 45 e 70%. Quanto aos solos, deve-se tomar cuidado apenas com os rasos e arenosos, ou os de umidade excessiva, já que a planta se adapta à solos com grau de salinização que poucas outras plantas suportam. A Emater-PE recomenda o uso de solos de fertilidade média, não por exigências especiais da planta, mas para que os mais férteis sejam destinados a outras culturas mais exigentes, principalmente culturas alimentares.
Produção de mudas
As mudas são obtidas de sementes que devem ser provenientes de plantas sadias, vigorosas e de produção elevada. A produção de mudas por estacas e enxertia ainda está em fase de estudos. Os frutos da algarobeira são vagens com 15 a 30 em de comprimento e cerca de 1,5 em de largura. Há várias formas de retirar as sementes para plantio. Uma delas é colocar as vagens em água por 12 horas e, usando uma faca, cortar em sentido longitudinal, descobrindo as sementes, que serão retiradas e colocadas em camadas finas, em local ventilado, para eliminar o excesso de água. Se as vagens ficarem na água por 48 horas, outro método possível, as sementes livram-se da parte mucilaginosa e devem ser plantadas imediatamente, pois já terão iniciado o processo germinativo. Outros métodos são o fornecimento das vagens ao gado (bovino, caprino e eqüino, de preferência gado confinado), recolhendo-se as fezes juntamente com as sementes, e o processo mecânico, que consiste em passar vagens já secas por máquina de quebrar grão de milho ou máquina forrageira - mas este tem o inconveniente de quebrar muitas sementes. Calcula-se que para obter 1 kg de sementes são necessários 12 kg de vagens. Com 1 kg de sementes, prepara -se de 10 000 a 12 000 mudas. Antes de semeadas, as sementes devem passar por uma "quebra de dormência", que pode ser feita em água, à temperatura ambiente, onde elas devem ficar por um período de doze horas, retirando-se as sementes que boiarem, ou em água quente, colocando-se as sementes na água, depois de sua fervura por quatro a seis minutos, dentro de um saquinho. Logo depois de retiradas da água, plantam- se as sementes em saquinhos de polietileno, com no mínimo 20 em de altura, contendo uma mistura de duas porções de terra, uma de esterco bem curtido e uma de areia, segundo recomendações da Emater-PE, ou apenas uma mistura de solo com esterco, na proporção 2: I, conforme recomendações da Emater-BA. A Emater-PE recomenda ainda que se faça uma escarificação das sementes antes de plantá-las para facilitar a germinação. Essa escarificação consiste em passar as sementes numa superfície áspera, raspando as um pouco. Colocam-se duas a três sementes por muda, com 1 a 2 cm de profundidade, conservando-se depois a plantinha mais vigorosa. O desbaste deve ser feito no transplante ou alguns dias depois, para maior segurança contra possíveis perdas.
Plantio
Quando as mudas tiverem de 15 a 25 cm, estão prontas para o plantio, que deve ser no início da estação chuvosa. Se a chuva escasseia, as plantas devem ser regadas uma a duas vezes por semana, com 4 a 6 L de água por cova. As covas devem ter no mínimo 40 em de profundidade e 30 em de largura e comprimento. A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Empam) aconselha 60 em de profundidade e 50 em de diâmetro. O distanciamento mais recomendado é de 10 x 10 m. Para o consórcio com algodão arbóreo, o espaçamente deve ser de 15 x 15 m, e com frutíferas ou pastagens de 15 x 15 m, 20 x 15 m ou 20 x 20 m. Quando o plantio é voltado para a produção de estacas ou madeiras, usa-se o espaçamento de 3 x 3 m ou 2 x 3 m. Outros espaçamentos densos, que reduzem o crescimento da planta, são utilizados quando o objetivo é o melhoramento do solo ou a formação de cerca viva. O enchimento da cova deve ser feito com cuidado, evitando-se soterrar o colo da planta que deve ficar 5 em abaixo do nível do terreno, porém sem ser coberto. Recomenda-se tutorar as plantas, amarrando-as em varas, usando- se o próprio saco da muda para protegê- Ias contra os ventos.
Tratos culturais
Durante os três primeiros anos é interessante fazer o coroamento ao redor da cova com no mínimo 1 m de raio, para manter a planta livre de concorrência de invasoras. Podas Inicia-se a poda com a retirada dos ramos secos e os verdes de segunda e terceira ordem, conservando os oblíquos e horizontais e eliminando-se os de tendência vertical, fazendo:se um corte a 1,80 m de altura, para que fique de copa baixa, quando o interesse for a formação de pastagens arbóreas para a alimentação do gado. Normalmente a algarobeira atinge de 6 a 8 m de altura e sua copa dá uma sombra de 8 a 12 m de diâmetro.
Pragas e doenças
Há poucos relatos de ataque de pragas a algarobeiras. A principal delas é o serra-pau, um inseto que tem como larva uma broca. Para seu controle, queimam-se os ramos secos ou caídos, onde estão depositados os ovos da praga. Pode ser combatido também com isca feita com 5 kg de farelo, 500 g de açúcar, inseticida e água. Outras pragas são as formigas, a lagarta; e o gafanhoto. Uma praga que apareceu na Paraíba é o mané-magro, um inseto que ataca a folhagem das plantas. A ocorrência de doenças é menos freqüente e quase sempre provo- cada pelo ataque de pragas.
Colheita
Depois de três anos (em alguns casos, dois anos), sessenta dias depois da f1oração, surgem os primeiros frutos maduros, em épocas que variam conforme as chuvas. No Nordeste, concentra-se nos meses de outubro a janeiro. O pico de produção coincide com o período seco e, se este se alonga, a produção também perdura, dando de 20 a 50 kg de vagens por planta, ou seja, de 2 a 8 t/ha (em média, 5 t/ha). A produção de frutos torna-se econômica no quinto ano e prolonga-se até o vigésimo com boa produção. Há plantas que registram uma produção econômica até depois dos 30 anos. Em geral, recomenda-se o aproveitamento da madeira para a indústria de móveis depois de 20 anos. A produção de lenha é de 100 a 120 m3/ha/ano depois do quinto ano; a produção de estacas é de 500 a 700 unidades por halano, após o sexto ano; e os mourões de 200 a 250 unidades por há/ano. depois do nono ou décimo ano. O tronco da algarobeira chega a ter 40 a 80 em de diâmetro. Fora isso, recomenda-se a colocação de duas colméias por hectare na época da floração, o que dá de 100 a 200 kg/ano de mel, a partir do quarto ano. A colheita das vagens se resume à cata das que caem naturalmente quando ficam maduras. O armazenamento poderá ser feito em galpões, com piso forrado por estrado de madeira, onde as vagens são depositadas a granel ou ensacadas, evitando-se de qualquer forma o contato com as paredes. Para armazenamento, a vagem deve ser seca ao solou em fomo de casa de farinha.
Utilização da algaroba
A Emater-BA recomenda a algaroba como ração suplementar para atender 25% das necessidades do gado bovino e 30% das necessidades de caprinos e ovinos. Para bovinos com cerca de 400 kg, dá-se 3 kg/dia de vagens, e para ovinos e caprinos que pesam cerca de 40 kg, 600 g. Já a Emater-PE recomenda até 7 kg de vagem tritura- da ou farelo por bovino de 450 kg por dia: 1,5 kg por ovino ou caprino. Em ambos os casos (bovino ou ovino/caprino), essa alimentação deve ser dada pelo me- nos duas vezes por dia. Para suínos fornecem-se até 3 kg/dia, misturada à ração balanceada. Para aves "caipiras", até 50 g/dia por ave, complementando com milho, sorgo e outros alimentos disponíveis. A folhagem (rama) pode ser consumida por animais em forma de feno, triturada em pequena proporção com outras forrageiras. Na alimentação humana, a algaroba entra na produção de bolos, biscoitos, geléia, pão, licor, melaço e papa. E utilizada na indústria (tanto a vagem quanto a madeira) para a produção de álcool, aguardente, farinha, goma, tanino, dormentes, estacas, tacos, móveis, lenha e carvão.
Composição por 100 g
Vagem: 176,9 calorias, 4,5 g de proteínas, 140 mg de cálcio, 57 mg de fósforo, 0,10 mg de ferro, 0,08 mg de vitamina B, e 3.,6 mg de vitamina C.
Farinha: 199,2 calorias, 6 g de proteínas, 76 mg de cálcio, 48 mg de fósforo, 0,09 mg de ferro, 0,078 mg de vitamina B, e 2,8 mg de vitamina C.
Farinha: 199,2 calorias, 6 g de proteínas, 76 mg de cálcio, 48 mg de fósforo, 0,09 mg de ferro, 0,078 mg de vitamina B, e 2,8 mg de vitamina C.
Fontes:
Embrapa: Algaroba (Prosopis juliflora):
Árvore de Uso Múltiplo para
a Região Semiárida Brasileira, comunicado técnico 240 ISSN 1517-5030 Colombo, PR Técnico Outubro, 2009
AZEVEDO, C.F. de. Algarobeira na alimentação animal e humana. In: Simpósio Brasileiro Sobre Algaroba, 1982, 1. Anais.
Natal: EMPARN, pp. 283-299
Estudo das Condições
de Cultivo da Algaroba
e Jurema Preta e
Determinação do
Poder Calorífico disponível em http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/rct14art10.pdf, acesso atualizado em 06/03/2015
Diante de tantas vantagens da Algaroba, Vejo aqui uma grande oportunidade para os pequenos produtores do sertão baiano.
ResponderExcluirPrecisa apenas um pequeno incentivo das prefeituras para viabilização do plantio e manejo corretos.
Parece uma planta multifuncional e ainda adaptável a regiões onde há pouca precipitação anual. Para o Sudeste do TO região que convive com secas me parece boa alternativa, tanto para alimentação dos animais quanto para reforço na alimentação humana. Além de incentivar o plantio, tem que haver uma sensibilização para aceitação "cultural".
ResponderExcluirBoa tarde,
ResponderExcluirHá três anos atrás, plantei 10 mudas de algaroba, e duas delas começaram a dar vagens recentemente.
Tudo bem, é normal.
No entanto, o que me impressionou foi a cor das vagens de uma delas.
As vagens são ROXAS.
Portanto, como comumente só vemos nos sites vagens na cor amarela, eu gostaria de saber se tal variedade é também comum em outros lugares.
Atenciosamente,
Dean Carvalho
Carnaúba dos Dantas /RN
Bom dia gostaria de tirar uma duvida ja ouvir muito falar que a plantação de agaroba seca o terreno isso e verdade
ResponderExcluirEu também gostaria de saber, estou pretendendo realizar uma plantação de algarobas, já ouvir dizer que, ele pode buscar água a 25 metros de distância e profundidade, podendo até secar poços se tiver por perto, quero plantar de 3 a 4 ha. por isso quero saber tbm...wykuka@gmail.com
ExcluirSegundo o pesquisador, a raiz dessas árvores se infiltra nos solos por vários metros, podendo chegar a reduzir os níveis de água subterrânea. Philip Hulme alerta que é necessária a realização de um plano de manejo para evitar que a espécie se torne uma praga num período de 20 anos. "Uma das ações do plano seria o controle do movimento do gado"
ResponderExcluirTenho 3 pés de algaroba, adultos, na lateral de minha casa, para produzir sombra.Gostaria de saber, se existe alguma técnica, para evitar que as plantas produzam as vagens, que no meu caso, são inúteis, apenas sujam o piso cimentado.Antecipadamente grato, ( tiburtinolacerda@yahoo.com.br ).
ResponderExcluirquando uma algaroba cai não vemos raiz profunda nenhuma e ela cai facilmente e depois plantas feitas de sementes não é seguro ser como a mãe a não ser que ela tenha sido feita de estaca o que garante ser igual a mãe
ResponderExcluirBom dia !
ResponderExcluirGostaria de saber que a algaroba seca o terreno , e se ela impede o crescimento de outras árvores?
Quero fazer um plantio para lenha,qual o espaçamento entre plantas?
ResponderExcluirOla estou fazendo um plantio de algaroba em Tanquinho BA. Tá tenho algumas .Estou com várias mudas pra plantar no inverno.
ResponderExcluirBoa tarde... É possível o cultivo da algaroba em área que já foi brejo e atualmente está seca?
ResponderExcluironde compro sementes ou mudas de algaroba
ResponderExcluirBom dia eu estou vendendo a vagem de algaroba por toneladas
ResponderExcluirSou Joao Gomes, meu whatsapp é 87 99821-4970
ResponderExcluir