O cacaueiro (Theobroma cacao L.),originário da América, provavelmente das bacias do Amazonas e do Orenoco, é uma planta tropical de grande importância econômica e uma das culturas de maior valor total de produção no Brasil. Nosso país é o segundo maior produtor mundial, só superado pela Costa do Marfim (África),país que recebeu seus primeiros cacaueiros no século passado. Quando os espanhóis chegaram ao México, maias e astecas já utilizavam o cacau como bebida (muito estimulante) e moeda. Os europeus, no entanto, só passaram a aceitar o cacau quando começaram a colocar açúcar na bebida. Hoje, o principal produto do cacau é o chocolate, alimento energético muito consumido em países de clima frio (nenhum deles produz a matéria-prima do chocolate e têm de importaIa dos países tropicais).

Clima e solo
O cacaueiro requer temperatura média anual superior a 2°C e,no mínimo, 1.500 mm de chuvas bem distribuídas durante o ano, sem longos períodos secos, em local de no máximo 600 m de altitude. Se a temperatura caia baixo de 15°C. com 80% de umidade relativa do ar, ocorre a "podridão-parda", doença muito prejudicial ao cacau. Os solos devem ser férteis, com pH em torno de 7,0, frescos, profundos (no mínimo 1 m) e em local não sujeito a encharcamento nem exposto ao vento sul.
Mudas

Variedades
As mais produzidas pela Ceplac são obtidas pelo cruzamento do cacau comum com o da variedade catongo. As variedades mais comuns no Brasil, Equador e Africa Ocidental são as dos chamados "forasteiros", originários da Amazônia, que têm também o nome de comuns. Uma das variedades mais estudadas hoje, a catongo, pertencente a esse grupo, é originária do baixo Amazonas. Os frutos desses cacaueiros de sementes roxas são verdes, quando estão imaturos,e amarelos, quando maduros. Os cacaueiros nativos do México e da Venezuela são chamados crioulos. Têm frutos verdes ou vermelhos quando imaturos, e amarelos ou alaranjados quando maduros. As se-mentes são brancas com leve pigmentação roxa. As diversas variedades existentes são originárias de cruzamento de variedades forasteiras e crioulas.
Sombreamento
O cacaueiro precisa de arborização para proteção contra raios solares. Quanto mais nova a planta, mais sombra precisa. Em área sem mata, deve-se fazer o sombreamento de dois tipos: o provisório e o permanente. O sombreamento provisorio é feito principalmente com bananeiras, com espaçamento de 3 x 3 m. O sombreamento definitivo é feito com árvores altas, de até 30 m de altura,com grandes copas, como a eritrina, a cajazeira, a gmelina ou a farinha-seca, com espaçamento de 15 x 15 a 24 x 24 m, dependendo da espécie usada. A eritrina e a cajazeira são espaçadas em 24 m. A implantação do sombreamento deve ser feita elo menos 6 meses antes do plantio do cacau. Para plantio em área de mata com grandes árvores, faz-se apenas um raleamento dessa mata, deixando apenas as árvores que interessam, num espaço de 15 x 15 a 18 x 18 m.
Plantio
Convém que se faça o plantio em períodos de muita chuva, em covas,em espaçamento 3 x 3 m, com os cacaueiros plantados nas linhas das bananeiras, quando se quiser mecanizar a cultura;ou entre quatro bananeiras, em áreas não mecanizáveis, Nos dois casos, o espaça-mente é 3 x 3 m, cabendo 1 111 cacaueiros em 1 ha. Pode ser usado também o espaçamento de 3,5 x 2,5 m, dando 1.142 mudas por ha.
Controle do sombreamento

O cacaueiro já adulto e em plena produção fica só com o sombreamento definitivo, mas deve-se cuidar para que a sombra não fique rala demais, porque isso deixa o cacaueiro mais sujeito ao ataque de pragas, além de ter seu ritmo biológico alterado, passando até a exigir adubação mais intensa.
Tratos culturais
Podas
São feitos três tipos de poda no cacaueiro. A poda de formação serve para dar forma e equilíbrio à planta e consiste na retirada de brotos c galhos indesejáveis. A poda de manutenção dá condições de produção à planta, pormeio de eliminação dos ramos doentes,secos, sombreados e mal formados. A desbrota é uma poda superficial para retirada de brotos-ladrões.
Polinização

Pragas e doenças

As pragas principais nos cacauais são a chupança, a tripes, as lagartas, as vaquinhas, os pulgões e as formigas. A maior parte ataca principalmente em áreas desassombreadas, isto é, onde se raleou demais a mata e o sol bate diretamente nos cacaueiros. As. doenças mais importantes são a vassoura-de-bruxa (até o momento só na Amazônia), a podridão-parda (um ataque de fungos que aparece nos frutos, troncos, fo-lhas e raizes) e a antracnose. Tanto as pragas quanto as doenças só devem ser combatidas com a orientação técnica.Mas em princípio, recomenda-se nunca levar para a Bahia os ramos, as folhas, os frutos ou sementes de cacau e cupuaçu (da família do cacau) da Amazônia, pois. com o material poderão ir também germens de doenças, como a vassoura-de-bruxa, o que resultaria em graves prejuízos para o país.
Consorciação
No Estado de São Paulo (onde a lavoura cacaueira ainda é muito pequena, mas tem-se adaptado muito bem em algumas regiões), é possivel associar as culturas de cacau com a seringueira, em determinadas condições de clima e solo, como as do Planalto Paulista, no oeste do Estado. São contra-indicadas áreas do litoral de São Paulo. Mais informações podem ser obtidas no Instituto Agronômico de Campinas, da Secretaria da Agricultura de São Paulo.
Colheita

O cacau começa a produzir no 3º ano; no 6º o já produz economicamente. Entre o 12º o 14° no atinge a plenitude, produzindo por várias décadas. Dizem, na Bahia, que o cacau tem a "vida do homem": aos sessenta ou setenta anos começa a decair. Há cacaueiros com mais de 100 anos na região da Bahia. Para a renovação do cacaual os próprios cacaueiros velhos podem ser usados como sombra, sendo cortados depois, quando os cacaueiros novos começam a exigir mais luminosidade. As variedades híbridas plantadas atualmente dão em média 2 kg de castanha seca por pé (1.111 pés/ha ou 2 222 kg/ha). Na região cacaueira, a produtividade média oscila de 45 a 50 arrobas de amêndoas secas por ha, mas há produtores que conseguem até 200 arrobas/ha.Em Severínia, no oeste do Estado de São Paulo, há relatos de produção de até 4 000 kg/ha (266 arrobas).
Fermentação

Secagem

A armazenagem pode ser feita em sacos ou a granel, em armazéns com chão e paredes revestidos de madeira bem arejados e iluminados.
Subprodutos do cacau
O cacau é utilizado principalmente para fabricar chocolates, feito das sementes secas. Mas há vários subprodutos. Da mucilagem que envolve as sementes, por exemplo, faz-se o suco de cacau. Há até uma espécie de liquidificador especial com um disco que retira a mucilagem sem machucar as sementes, utilizadas depois para produzir mudas. Essa mucilagem misturada com água e açúcar dá o suco de cacau. O mel que sai do cacau no processo de fermentação é usado para fazer geléia, álcool,vinagre, vinho, ácido cítrico e licores. Das sementes sai ainda a manteiga de cacau, usada para fazer o chocolate branco,medicamentos e cosméticos. As cascas das sementes podem ser usadas como ração para animais, adubo, ou como combustível. E as cascas do fruto servem de adubo, ração, celulose, goma e pectina.
Composição nutricional por 100 g
Chocolate em barra: 528 calorias, 4,4 g de proteínas,94 mg de cálcio, 142 mg de fósforo, 1,4 mg de ferro, 3 mmg de vitamina A, 0,02 mg de vitamina BI e 0,14 mg de vitamina B2.
Chocolate em pó: 362 calorias, 11,7g de proteínas, 70 mg de cálcio, 387 mg e fósforo, 7,5 mg de ferro, 2 mmg de vitamina A, 0,15 mg de vitamina B1 e 0,15 mg de vitamina B2.
preciso de mudas de cacau alguma indicação?
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