O pessegueiro (Prunus, persica. L.), originário da Europa e da Asia Ocidental, é uma planta de clima temperado que só após cerca de trinta anos passou a ter valor comercial no Brasil, apesar de ter sido aqui introduzida pouco depois do descobrimento. É cultivado principalmente no sul do país (o Rio Grande do Sul detém cerca de dois terços da produção total e de 80 a 90% da dos pêssegos para conserva). Se o Brasil produzir excedentes pode tornar-se um país exportador, já que a colheita aqui ocorre de agosto a março, época de entres safra nos grandes centros consumidores do hemisfério Norte.
Como outras frutas de clima temperado, o pessegueiro entra em fase de dormência depois do ciclo vegetativo. Para que a dormência seja rompida, é preciso que haja certo período com temperatura fria (abaixo de 7,2°C). A grande maioria dos pessegueiros exige de 600 a 1000 horas de frio por ano para florescer, mas no Brasil há variedades desenvolvidas de acordo com nossas condições climáticas. Estas, em certos casos, precisam de apenas cem horas de frio. As geadas pouco antes, durante o florescimento ou depois dele, nas primeiras fases de frutificação, são muito prejudiciais. Embora suporte bem pequenos períodos de estiagem, graças a suas raízes profundas,o pessegueiro não resiste a secas prolongadas no fim da primavera e no verão, antes da colheita, exigindo irrigação. Já o excesso de chuvas durante a floração, no período vegetativo e perto da colheita, aumenta a incidência de doenças e provoca a perda de produção. É importante escolher terrenos inclinados para o norte, pois são menos sujeitos a geadas tardias. Os terrenos de exposição noroeste e nordeste também são aceitáveis. Já os que têm a face voltada para o sul só devem ser aproveitados com o plantio de quebra-ventos e evitando-se cultivar as partes mais baixas, onde o frio é mais intenso. É bom lembrar, especialmente no caso de pomares domésticos, que o pessegueiro não suporta solos encharcados.
Solo
Os pesados são prejudiciais porque dificultam a penetração da raiz e alagam com facilidade. Os mais indicados são os argilo-arenosos. Em regiões de declividade, planta-se em curvas de nível.
Variedades
Novidades
O CNPFT lançou pessegueiros ornamentais, de flores bonitas, de cores rosa e vermelha, com 20 a 25 pétalas em cinco fileiras (o pessegueiro comum tem só uma fileira com 5 pétalas). Esse tipo de pessegueiro só fica sem folhas durante três meses e produz poucos frutos. Outro lançamento do CNPFT é o pessegueiro-anão que, quando adulto, tem uns 40 cm de altura (pode ser plantado ate em vasos) e produz até 20 frutos por ano, não são frutos de qualidade excelente, mas aceitáveis.
Plantio
Em todo o Brasil, é feito em junho-julho, antes da brotação, o espaçamento mais utilizado é de 6 m entre as linhas e 3 m entre as plantas. Espaçamentos maiores são aconselháveis sempre que possível, pois permitem maior circulação do ar e contribuem para o controle de pragas e doenças. O pessegueiro é uma planta de ciclo anual, isto é, produz uma vez por ano. Começa a produzir aos 3 anos (às vezes 2) e continua produtivo até de 12 a 15 anos. As mudas devem ser encomendadas com antecedência, porque existem poucos viveiristas e nem sempre eles têm as variedades desejadas. Os pessegueiros comerciais são todos auto férteis, ou seja, não há necessidade de variedade diferente para polinizar suas flores. A existência de abelhas e outros insetos é sempre benéfica para a polinização.
Tratos culturais
São necessários durante o ciclo vegetativo, do aparecimento das primeiras flores até a queda das folhas. No período de repouso do pessegueiro, quando ele está sem folhas, não há necessidade de capina se as invasoras não estiverem muito altas. O plantio de alelopáticas (plantas que inibem o crescimento de outras) dá bons resultados, até melhorando o solo. As plantas que podem ser consorciadas com o pessegueiro com esse fim são a aveia e a ervilhaca, além dessas, podem-se plantar entre as linhas de pessegueiros as hortaliças, soja, feijão, cebola, ervilha, morango, tremoço etc.,em caso de pomares novos, ainda não produzindo. Os pomares que já produzem consorciam-se bem com leguminosas de inverno, que além de proporcionar uma melhoria do solo oferecem material para a cobertura morta. As adubações, normalmente feitas três vezes ao ano, em setembro, novembro e janeiro, devem ser de preferência orgânicas, utilizando-se esterco animal, composto e restos de culturas. Para orientar melhor a adubação, os produtores usam os resultados da análise foliar como indícativo de deficiências. São colhidas amostras de folhas entre a 13ª e a 15ª semana depois da floração.
Podas
Do plantio ao terceiro ou quarto ano, fazer podas de formação, deixando quatro ou cinco pernadas distribuídas regularmente entre 30 e 70 cm do solo em volta do tronco. Essa poda é feita no inverno, no período de dormência. As podas de frutificação nos anos seguintes, devem deixar os ramos mais vigorosos e bem distribuídos.
Raleio
É uma prática necessária, pois num ramo de 25 cm costumam nascer de 10 a 15 frutos, e um pêssego precisa de maior espaço e de 25 a 30 folhas para desenvolver bem. Assim, no mesmo ramo, em geral são deixados frutos com distâncias de 5 a 10 cm entre eles, escolhendo-se os frutos voltados para baixo. O raleio deve ser feito antes da fruta atingir 1 cm, porque depois disso começa a desenvolver-se o caroço, que exige muito da planta. Outra forma de calcular a quantidade de frutos que se deve deixar na planta após o raleio baseia-se na grossura do tronco. Mede-se a circunferência do tronco a 20 cm do solo, com uma fita métrica, para saber quantos frutos a planta pode produzir em boas condições. Veja alguns exemplos na tabela.
Rotação de culturas
Os pomares velhos (de 12 a 15 anos) devem ser arrancados com a maior parte possível do sistema radicular (as raízes), só voltando a ser plantados pessegueiros no local no mínimo três anos depois, porque as toxinas das raízes velhas comprometem as novas. Antes do replante de pessegueiros, deve-se plantar qualquer outra cultura.
Pragas e doenças
Em plantas novas, as formigas podem cortar as brotações e prejudicar muito o pessegueiro. Depois,as principais pragas são a mosca-das-frutas, responsável pelo bichamento do pêssego, o pulgão, a lagarta-dos-ponteiros e a grafolita. A que exige maior controle é a mosca-das-frutas, que pode ser combatida com armadilhas feitas com recipientes de plástico turvo (como os de álcool). Nesses recipientes são feitos quatro furos com uns 10 mm de diâmetro na parte mais alta. Dentro dos recipientes coloca-se qualquer suco de frutas, inclusive do próprio pêssego. Costuma-se fazer o suco com frutas, 100 L de água e 7 kg de açúcar. O suco atrai a mosca, que acaba se afogando. A armadilha é colocada a cada quatro plantas, a 1,50 m de altura, na própria planta, do lado em que o sol nasce. O suco deve ser trocado duas vezes por semana. Para combater a lagarta-dos-ponteiros, usa-se o mesmo tipo de armadilha, colocando-se nela vinagre de vinho tinto a 25%. A doença mais agressiva ao pessegueiro é a podridão-parda, que atinge a flor e a fruta. E importante não deixar os frutos doentes na planta, porque isso acaba provocando a infestação na produção do ano seguinte, deve-se enterrar os ramos com as frutas atingidas a uma profundidade de uns 15 cm. Uma forma de evitar a incidência dessa doença é manter o pomar limpo e abrir a planta na poda, de forma a permitir uma boa circulação de ar. Outra recomendação é a aplicação de calda bordalesa no período de dormência. A podridão é favorecida pela umidade e temperatura elevadas (tempo abafado e úmido). Nesse caso, a prevenção deve ser maior. No Rio Grande do Sul costuma-se fazer o controle desde a época da floração até o período de pré-maturação. Uma outra praga que merece citação é a cochonilha branca, normalmente combatida com óleo mineral a 1 ou 2%, pulverizado ou pincelado nos locais afetados (sóneles). A cochonilha, no inicio, parece uma farinha. Depois fica com uma carapaça, e antes da aplicação do óleo é preciso raspar o local afetado no tronco com escova de aço. Ramos muito atacados e que não têm muita importância podem ser podados e deixados no campo, onde a cochonilha tem muitos inimigos naturais.
Armazenamento e embalagem
Armazenam-se os frutos em ambiente refrigerado, sendo que os de mesa devem ser embalados em caixas que comportem uma só camada, os de conserva são acondicionados em caixas de 20 kg. Antes da refrigeração os frutos retirados de ambientes quentes têm que passar por um pré-resfriamento (banho de água).
Produção
É de 20 a 100 kg por planta, dependendo da variedade e da idade.
Composição nutricional por 100 g
43 calorias,0,8 g de proteínas, 9 mg de cálcio, 24 mg de fósforo, 1,0 mg de ferro, 40 mmg de vitamina A (retinol equivalente), 0,03 mg de vitamina B1, 0,07 mg de vitamina B2 e 6 mg de vitamina C.
Fotos:
Fontes das fotos a seguir EMBRAPA - Sistemas de produção
LINK: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pessego/CultivodoPessegueiro/cap05_fotos.htm#fig1
Todos os direitos reservados, conforme Lei n° 9.610.
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